Vamos ter o Natal mais digital de sempre em Portugal
Muitas marcas chegam a esta Black Friday verdadeiramente preparadas para o e-commerce pela primeira vez
O consumo consciente e em segurança que se espera neste Natal passa por uma viragem para o e-commerce, mas não só. Compras antecipadas e em off peak fazem parte da nova equação.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O consumo consciente e em segurança que se espera neste Natal passa por uma viragem para o e-commerce, mas não só. Compras antecipadas e em off peak fazem parte da nova equação.
A Black Friday dos últimos anos já tem sido cada vez mais digital, mas este ano o crescimento orgânico do e-commerce mistura-se com as limitações de segurança resultantes da presente pandemia, criando o ecossistema perfeito para um aumento muito significativo de compras online na época de Natal que agora começa. Vai ser mesmo o Natal mais digital de sempre em Portugal.
Recorde-se que Portugal tem uma das mais baixas taxas de utilização de e-commerce da União Europeia, com uma penetração de consumidores que é metade da dos países líderes no digital no Centro Europa. Antes que isso seja interpretado como um estado de atraso comparável com índices económicos, é importante perceber que Portugal está no topo na utilização de Internet e de dispositivos móveis. Portanto, não é o “atraso habitual” a que aqui e ali nos fomos habituando a, condescendentemente, considerar expectável.
Por outro lado, se Portugal tem estado na cauda de e-commerce, está entre os países com maior crescimento, em taxas muitíssimo superiores às dos países mais desenvolvidos da União Europeia, num processo muito evidente e redução de gap, que mistura efeitos de procura e de oferta muito óbvios. E este ano foi um ano de revolução, com a explosão de intensidade de compras no confinamento, que trouxe muitos novos utilizadores ao comércio electrónico. Muitos deles investirão o seu tempo e dinheiro nas compras de Natal online pela primeira vez. Muitos dos novos consumidores de e-commerce estão a preparar as compras de Natal de forma premeditada, e de forma consistente - noutras alturas compraram um ou outro artigo ad hoc, quase sempre de sites internacionais que não tinham loja nos seus centros comerciais habituais.
Há que referir também que as marcas portuguesas nunca estiveram tão bem preparadas, o que é importante para reduzir o triste índice de compras cross-border, superior a 80% em Portugal e cuja média Europeia é de 35%. Marcas como a Parfois, Tiffosi, Mo, Perfumes e Companhia, Decénio, Zippy, Lion of Porches, Quebramar, Bluebird, Prof e tantas outras têm realizado investimentos muito significativos nos últimos dois anos, sobretudo em sites de e-commerce avançados e mobile-ready. Muitas marcas chegam a esta Black Friday pela primeira vez verdadeiramente preparadas, com sites renovados e catálogos online a merecerem o mesmo cuidado que as lojas físicas merecem na preparação desta quadra.
Os impactos da pandemia de Covid-19 no comércio electrónico são evidentes - o crescimento da penetração de consumidores, a subida da taxa de conversão e a crescente aposta das marcas permitiram recuperar dois anos em poucos meses - apesar de continuarmos ainda com outros tantos por recuperar. E o consumo responsável que se espera neste Natal deverá conduzir a um aumento significativo do digital, que se espera que seja sustentável.
No entanto, o consumo consciente não termina no digital: será nos espaços físicos que consumidores e marcas terão de procurar novos equilíbrios, que permitam jornadas de compra seguras para compradores e vendedores. No contexto pandémico em que vivemos, isso significa evitar hábitos antigos, de compras em família nas tardes de fim de semana. É preciso reaprender a comprar com mais consciência, reduzindo o tempo de permanência nas lojas e procurando comprar nos dias e horas de menor afluência. As marcas, por sua vez, terão a obrigação de partilhar os momentos mais seguros para comprar nos seus espaços comerciais, e de estimular a presença em momentos off peak, contribuindo para a segurança de todos.
Finalmente, é fundamental evitar eventos comerciais demasiado concentrados, de forma a evitar aglomerados de pessoas desnecessários. Todo o ecossistema deve estar preparado para antecipar as vendas e contribuir com conteúdos que convidem os consumidores a comprar o mais cedo possível, para que este seja um Natal seguro e feliz.