Julgamento de Rui Pinto interrompido duas semanas por caso de covid-19

Mãe de uma das juízas testou positivo à covid-19. Hacker desejou melhoras à octogenária via twitter.

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Julgamento de Rui Pinto adiado por 15 dias devido a caso de covid-19 Rui Gaudencio

O teste positivo de mãe de uma das juízas que está a julgar o caso Football Leaks, em que o hacker Rui Pinto responde por extorsão e por pirataria informática, fez interromper esta quarta-feira o julgamento por duas semanas. 

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O teste positivo de mãe de uma das juízas que está a julgar o caso Football Leaks, em que o hacker Rui Pinto responde por extorsão e por pirataria informática, fez interromper esta quarta-feira o julgamento por duas semanas. 

A audiência de julgamento já estava a decorrer quando a magistrada recebeu uma mensagem no telemóvel a dizer que a progenitora, com 85 anos de idade e que tinha tido contactos de proximidade com a filha, tinha testado positivo para o coronavírus. Mais tarde o arguido Rui Pinto desejou as melhoras à idosa via twitter: “Desejo as melhoras à mãe da meritíssima juiz. Que tudo corra bem!”. 

A notícia da infecção surgiu na altura em que um advogado do fundo de investimento Doyen, Pedro Henriques, explicava em tribunal como Rui Pinto tinha, a coberto de uma falsa identidade, enviado um email ao CEO desta organização, Nélio Lucas, exigindo entre 500 mil euros e um milhão para parar de divulgar no site Football Leaks contratos dos mundo do futebol. “Era uma situação tipo ‘Ou pagas ou isto vai continuar’. Era extorsão”, descreveu Pedro Henriques, que prestou depoimento na qualidade de testemunha. 

Criado em 2015 pelo pirata informático, o Football Leaks teve como propósito assumido a revelação pública dos negócios obscuros do mundo do futebol, muitos dos quais envolvendo a Doyen. Foram os responsáveis por este fundo de investimento que negociava passes de jogadores a apresentar queixa contra Rui Pinto às autoridades. Pedro Henriques disse ter ficado “completamente estarrecido” com o facto de Rui Pinto ter imposto à Doyen que os seus advogados se encontrassem presencialmente com o advogado do hacker, Aníbal Pinto, para levarem as negociações a bom termo. “Era para colocar um manto de aparência de legalidade” sobre a extorsão, concluiu. 

A reunião acabou por ter lugar numa área de serviço da A5, em Oeiras, mas numa mesa próxima daquela onde estiveram Nélio Lucas, Pedro Henriques e Aníbal Pinto - Rui Pinto não esteve presente - havia inspectores da Polícia Judiciária a escutar a conversa. O pirata informático alegaria mais tarde que estava apenas a testar a Doyen e o valor da informação que andava a divulgar no Football Leaks. Mas algumas mensagens de correio electrónico que trocou com o seu advogado para acertar a melhor forma de receber um salário da Doyen sem pagar impostos parecem indiciar o contrário.