Meghan Markle quebra o tabu e revela que sofreu aborto espontâneo em Julho
A duquesa de Sussex revela, num artigo assinado pela própria no The New York Times, que sofreu um aborto espontâneo, tocando num assunto que descreve como ainda ser um tabu, com o objectivo, explica, de quebrar o “ciclo de luto solitário”.
“Perder um filho significa ter uma dor quase insuportável, experimentada por muitos, mas de que poucos falavam”, escreve Meghan Markle num artigo publicado pelo jornal The New York Times. “Na dor da nossa perda, o meu marido e eu descobrimos que numa sala com cem mulheres, dez a 20 delas terão sofrido um aborto espontâneo. No entanto, apesar da semelhança espantosa desta dor, a conversa permanece tabu, cheia de vergonha (injustificada), e perpetuando um ciclo de luto solitário.”
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“Perder um filho significa ter uma dor quase insuportável, experimentada por muitos, mas de que poucos falavam”, escreve Meghan Markle num artigo publicado pelo jornal The New York Times. “Na dor da nossa perda, o meu marido e eu descobrimos que numa sala com cem mulheres, dez a 20 delas terão sofrido um aborto espontâneo. No entanto, apesar da semelhança espantosa desta dor, a conversa permanece tabu, cheia de vergonha (injustificada), e perpetuando um ciclo de luto solitário.”
No mesmo texto, a mulher do príncipe Harry descreve a situação vivida — “Era uma manhã de Julho que começava tão normalmente como qualquer outro dia: fazer o pequeno-almoço, alimentar os cães, tomar vitaminas, encontrar uma meia perdida, apanhar o maldito lápis de cera que rolou para baixo da mesa, prender o cabelo num rabo-de-cavalo antes de ir buscar o meu filho ao berço. Depois de lhe mudar a fralda, senti uma forte cãibra. Caí no chão com ele nos meus braços (...) Sabia, ao agarrar o meu primogénito, que estava a perder o meu segundo filho.”
A revelação vai contra as regras às quais os elementos mais altamente colocados na hierarquia da família real britânica estão vinculados, não contando pormenores das suas vidas pessoais. No entanto, nem Meghan é um desses elementos da coroa, depois de o casal ter optado por se afastar, prescindindo de deveres mas também de privilégios, nem é caso inédito. Em 1995, a realeza britânica sofreu um duro golpe com a entrevista que a mãe de Harry, Diana, deu ao programa Panorama da BBC, ao longo da qual revelou pormenores da sua vida com o príncipe Carlos que nenhum plebeu alguma vez poderia imaginar um dia vir a saber.
Mas é a partir do seu exemplo que a ex-actriz norte-americana discorre sobre como nada prepara ninguém para o que vem a seguir, dando exemplos concretos e conhecidos de todos: “Uma jovem chamada Breonna Taylor vai dormir, tal como já fez todas as noites anteriores, mas não chega a ver a manhã seguinte porque uma rusga da polícia corre horrivelmente mal. George Floyd sai de uma loja de conveniência sem se aperceber de que vai dar o seu último suspiro sob o peso do joelho de alguém.” E aponta o dedo ao isolamento e à polarização de uma pandemia que “nos deixou mais sós do que nunca”.
Está bem?
A pergunta que um repórter fez a Meghan durante o périplo do casal por África, na época, ao serviço de sua majestade, fez correr rios de tinta: “Are you OK?” (“Está bem?”). Nas imagens, a duquesa mostra-se sensibilizada e acaba por se confessar cansada. E as declarações tiveram o efeito de, por um lado, incentivar outras mães a serem mais sinceras sobre o seu estado físico e emocional. Mas, por outro lado, foram alvo de fortes críticas, incluindo da parte dos seus familiares mais directos. “É um absurdo que alguém que é escoltado pelo mundo fora por uma segurança de milhões de dólares, em jactos privados, como milionária [que é], possa alguma vez queixar-se do que quer que seja”, desabafou a meia-irmã Samantha Markle ao programa televisivo Inside Edition, da americana CBS.
Mas a duquesa volta a insistir na pergunta, considerando que “talvez o caminho para a cura comece com três palavras simples: ‘Are you OK?’”. É que, explica, apesar de ter respondido “com sinceridade” e de considerar ter dado “às pessoas licença para dizerem a sua verdade”, não foi a resposta que a ajudou, mas a pergunta. “‘Obrigada por perguntar’, disse eu. ‘Poucas pessoas perguntaram se eu estava bem’.”
Por fim, lança um apelo de união: “Por mais que discordemos, por mais distantes que estejamos fisicamente, a verdade é que estamos mais ligados do que nunca devido a tudo o que suportámos individual e colectivamente este ano”.