Cavalariça da Comporta chega a Lisboa: traz o pão, o brioche e as batatas com toucinho fumado
Projecto de Bruno Caseiro vai ter um pop-up na capital durante o Inverno. No próximo ano deverá abrir casa no Chiado.
É o espaço do antigo restaurante Optimista, entretanto encerrado, que alberga este Inverno o pop-up da Cavalariça. O restaurante de Bruno Caseiro e Filipa Gonçalves aproveitou os meses mais frios e, logo, de menor movimento na Comporta, para trazer parte da equipa para Lisboa e começar a tomar o pulso ao mercado da capital, onde pretendem vir a abrir no próximo ano um espaço no Largo Camões, ao Chiado.
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É o espaço do antigo restaurante Optimista, entretanto encerrado, que alberga este Inverno o pop-up da Cavalariça. O restaurante de Bruno Caseiro e Filipa Gonçalves aproveitou os meses mais frios e, logo, de menor movimento na Comporta, para trazer parte da equipa para Lisboa e começar a tomar o pulso ao mercado da capital, onde pretendem vir a abrir no próximo ano um espaço no Largo Camões, ao Chiado.
Por isso, atenção a todos os que já ouviram falar do brioche torrado com parfait de fígados de galinha e chutney de laranja e nunca conseguiram ir até à Comporta prová-lo. Já não há desculpa: o brioche é um dos incontornáveis que faz parte do menu pensado para o Inverno lisboeta – para o qual Bruno criou também vários pratos de raiz.
Outro dos símbolos da Cavalariça são as batatas com toucinho de porco fumado caseiro. A boa notícia é que também elas vieram. Mas neste caso Bruno deu-lhes um toque diferente, transformando-as num mil-folhas de batata, num processo que dá muito trabalho, demora mais de um dia (é preciso garantir que há tempo para o amido ajudar a “colar” as finíssimas tiras de batata, para que não se desfaçam na fritura). Mas vale a pena o trabalho porque o estaladiço destas batatas é inesquecível.
O muito popular pão da Cavalariça, com massa-mãe e quatro farinhas diferentes (três moagens de trigo e centeio) também veio e é apresentado ao lado de uma focaccia também de massa-mãe, com azeite e manteiga envelhecida. Depois, há uma série de entradas, desde os croquetes de cachaço de porco alentejano com maionese de amêijoa e mostarda, a umas ostras do Sado com ajo blanco e puré de pêra (que aconselhamos vivamente).
Igualmente imperdível é o maior prato de conforto da carta: tortellini, cogumelos silvestres e caldo de galinha com infusão de presunto. Mordemos os tortellini e o caldo tépido espalha-se na boca, envolvendo-a na suave gordura da galinha e do presunto. A ter que escolher só uma entrada, aconselhamos esta.
Nos pratos principais, o Outono está todo presente na abóbora Hokkaido assada com castanha, cevada e leitelho; o peixe surge sob a forma de salmonete yakitori com molho de cataplana de batata doce e nabiça; e os nabos estufados com molho da carne, a couve rábano em pickle e as folhas de mostarda fazem a festa no prato de presa de porco alentejano.
Entre as três sobremesas, duas foram criadas especialmente para o pop-up de Lisboa: choux de castanha e cogumelos, uma “versão do Paris Brest"; e pêra escalfada, pistácio caramelizado e redução de romã.
Tudo depende de como as coisas correrem, claro, mas Bruno Caseiro planeia ficar até 31 de Março (fisicamente, andará entre cá e lá), esperando que as burocracias permitam abrir o espaço do Chiado “depois do Verão na Comporta”. Ou seja, ainda falta algum tempo. Até lá o melhor será passar pela Rua da Boavista para descobrir o mil-folhas de batata ou o brioche de fígados e, claro, os tortellini.
Para acompanhar os pratos, há uma carta de vinhos que se pretende aqui mais alargada do que a da Comporta, com um foco maior nos vinhos da região de Lisboa e não tanto nos da Península de Setúbal – “gastronómicos, de pequenos produtores, biológicos, biodinâmicos”, resume Fábio Nobre, chefe de sala e sommelier.
Quem preferir bebidas sem álcool pode pedir o cocktail que a Fugas bebeu, o Green Garden, um destilado de Seed Lip, com lima, xarope caseiro de poejo, pepino e clara de ovo, leve e fresco. Fábio criou este e vários outros, com álcool, numa oferta que é também um pouco diferente da da Comporta, “um bocadinho mais sóbria”.