À procura da anemia desconhecida

Confunde-se com outras doenças, pode ser silenciosa ou estar associada a sintomas que reforçam as dúvidas. Apesar dos alertas, ainda existe algum desconhecimento e é importante consciencializar a população e os próprios profissionais para o diagnóstico atempado e o tratamento adequado desta condição clínica. O Dia da Anemia comemora-se a 26 de Novembro.

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A anemia afecta um em cada cinco portugueses, mas ainda existem incertezas acerca desta condição. Estará a anemia desvalorizada? Esta situação clínica que resulta da diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue ou do conteúdo da hemoglobina para valores inferiores aos considerados normais para a idade, sexo e etapas de crescimento, pode surgir em qualquer faixa etária sendo mais frequente em mulheres e grávidas e noutras fases da vida. O sexo feminino tem uma maior tendência a desenvolver anemia do que o homem muito devido às perdas regulares de sangue.  

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A anemia afecta um em cada cinco portugueses, mas ainda existem incertezas acerca desta condição. Estará a anemia desvalorizada? Esta situação clínica que resulta da diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue ou do conteúdo da hemoglobina para valores inferiores aos considerados normais para a idade, sexo e etapas de crescimento, pode surgir em qualquer faixa etária sendo mais frequente em mulheres e grávidas e noutras fases da vida. O sexo feminino tem uma maior tendência a desenvolver anemia do que o homem muito devido às perdas regulares de sangue.  

Segundo as referências da Organização Mundial de Saúde (OMS), a anemia define-se, numa perspectiva de referência meramente epidemiológica como a hemoglobina, no homem, abaixo dos 13 gramas por decilitro (g/dl) e nas mulheres, 12 g/dl. Ainda segundo a OMS, seria expectável que Portugal tivesse cerca de 15% dos portugueses anémicos. No entanto, o estudo EMPIRE, implementado pelo Anemia Working Group Portugal (AWGP) veio confirmar que a realidade em Portugal é superior ao estimado chegando-se à conclusão de que 20% dos portugueses tem anemia e que existem duas faixas etárias em que a mesma é mais frequente: dos 18 e os 34 anos e a partir dos 75 anos. Este foi o primeiro e único estudo epidemiológico de grande dimensão para avaliar a prevalência da anemia.

84% dos inquiridos desconhecia a sua condição e desvalorizava os sintomas… É que nesta, como em outras situações de saúde, a sintomatologia pode confundir os clínicos pois é transversal a várias doenças. À fadiga generalizada, juntam-se a dor de cabeça, a irritabilidade, as alterações do sono, as tonturas, a falta de força acentuada, a palidez, a tensão arterial baixa /desmaio, a falta de apetite, a dificuldade de concentração, o ritmo cardíaco acelerado (taquicardia) e as unhas quebradiças. Atribuir a sintomatologia a problemas do quotidiano contribui para se subdiagnosticar o problema. É o cansaço, uma sensação de fadiga que, resultado de um dia a dia exigente e de uma vida stressante e sem tempo para parar, se tende a minimizar. É a falta de concentração, uma irritação quase constante, a memória que não é a mesma. Os sintomas repetem-se, sinal de que nem tudo está bem. A responsável é, muitas vezes, a anemia. Nem sempre o cidadão comum o percebe e a sintomatologia variada também pode exigir uma equipa multidisciplinar que ajude a fazer um diagnóstico correcto e um tratamento individualizado e adequado.

Ferro: um aliado para a nossa saúde

Sabe-se ainda que cerca de 90% de todos os casos de anemia são causados por défice de ferro. Dá-se o nome de ferropénia à deficiência de ferro e segundo as orientações da Direcção Geral da Saúde, estamos perante a mesma, quando o valor de ferritina é inferior a 30 ng/mL na população adulta.

Importante na manutenção de muitas funções do organismo, o ferro é um dos protagonistas na produção de hemoglobina, que tem a missão de transportar o oxigénio dos pulmões para os tecidos. O cérebro necessita de oxigénio para ter concentração, e os músculos, para terem energia física. Essencial para a manutenção de um sistema imunitário saudável, o ferro surge como um enorme aliado no combate às infecções.

Felizmente é muito fácil identificar os valores de ferro do organismo e perceber se está com anemia ou deficiência de ferro. Para além do “conhecido” e muito pedido, hemograma, é necessário também quantificar as reservas de ferro através de um indicador designado por ferritina. Segundo a Norma de Orientação Clínica da Direção Geral de Saúde (NOC nº 30/2015 DGS “Abordagem, Diagnóstico e Tratamento da ferropénia no adulto”), considera-se uma situação de ferropénia ou deficiência das reservas de ferro, quando o valor de ferritina é inferior a 30 ng/mL na população adulta.

Após a realização das análises sanguíneas recomendadas pelo seu médico e depois de confirmado o diagnóstico, ser-lhe-á recomendada a melhor opção de tratamento. A escolha do medicamento para correcção dos níveis de ferro varia consoante a gravidade da ferropénia e da anemia sendo que poderá ser indicado o tratamento com ferro endovenoso. Este é um trabalho conjunto entre doente e médico pois a deficiência de ferro e a anemia, se não diagnosticadas e devidamente tratadas podem ter implicações negativas ao nível escolar, profissional e impactar a qualidade de vida.

Em tempos de pandemia de Covid-19, se desconfia que está com anemia ou deficiência de ferro, é importante que fale com o seu médico! É importante ficar em casa e não abandonar o tratamento convencional uma vez que a anemia fragiliza a sua saúde ainda que não esteja comprovado se é uma condição associada a um maior risco para quem se infecta com o vírus Sars-coV-2. Para mais informações sobre a anemia e a deficiência de ferro consulte o site www.umasaudedeferro.pt