Bolieiro já tomou posse como líder do Governo dos Açores. Um governo que “saberá sempre ouvir” os partidos parceiros
O novo presidente do Governo Regional dos Açores tomou posse na assembleia legislativa, citou Sá Carneiro e garantiu que o “diálogo” será o “fermento” e o “cimento” do seu executivo.
Aos 24 dias do mês de Novembro de 2020, acabaram oficialmente os 24 anos de governação socialista nos Açores - 30 dias após as eleições regionais. Quatro minutos passavam das 15h açorianas, quando José Manuel Bolieiro jurou solenemente as funções confiadas e foi empossado como líder do XIII Governo Regional dos Açores. À sua frente, a poucos metros do púlpito da Assembleia Regional, Vasco Cordeiro, que governou a região desde 2012, e Pedro Catarino, o representante da República que decidiu indigitar Bolieiro, assistiram da primeira fila ao regresso do PSD ao poder na região. Um regresso suportado pelo CDS e PPM, parceiros de governo, e com o apoio parlamentar imprescindível da Iniciativa Liberal e do Chega.
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Aos 24 dias do mês de Novembro de 2020, acabaram oficialmente os 24 anos de governação socialista nos Açores - 30 dias após as eleições regionais. Quatro minutos passavam das 15h açorianas, quando José Manuel Bolieiro jurou solenemente as funções confiadas e foi empossado como líder do XIII Governo Regional dos Açores. À sua frente, a poucos metros do púlpito da Assembleia Regional, Vasco Cordeiro, que governou a região desde 2012, e Pedro Catarino, o representante da República que decidiu indigitar Bolieiro, assistiram da primeira fila ao regresso do PSD ao poder na região. Um regresso suportado pelo CDS e PPM, parceiros de governo, e com o apoio parlamentar imprescindível da Iniciativa Liberal e do Chega.
No acto de posse, seguiram-se o vice-presidente os novos responsáveis pelas dez secretarias e uma subsecretaria do novo elenco. Depois, falou Luís Garcia, social-democrata, presidente da Assembleia Regional, para assinalar as mudanças que a pandemia provocou na cerimónia e para reiterar as “responsabilidades” dos deputados perante o cenário parlamentar composto ainda por PS, BE e PAN.
Depois, discursou Bolieiro, ao longo de quase meia hora. O presidente mais velho a assumir a liderança do governo regional com 55 anos, começou por destacar as vicissitudes do novo parlamento, que exigem “diálogo”. “Esta nova realidade exigiu o esforço adicional de diálogo e compromisso, para, através deles, assegurar estabilidade duradoira e coerente. Um acordo de governo e dois acordos de incidência parlamentar”, declarou, interrompido pela primeira ovação da tarde. A segunda ronda de aplausos chegou poucos depois, quando o novo presidente do Governo dos Açores saudou o anterior, Vasco Cordeiro.
À aritmética parlamentar, junta-se uma crise pandémica e Bolieiro não escondeu a “muito exigente missão” de liderar um governo no “quadro politico” actual. E, para expressar a determinação perante as dificuldades, até citou Sá Carneiro.
“Medimos os desafios a enfrentar e sentimos a impaciência acumulada nos anos passados que sobre nós pode desabar. Mas não tememos os riscos, nem receamos a esperança. A força forja-se na luta, a firmeza no combate pelos princípios, a coragem no enfrentar da crise.”
Para enfrentar a crise, o executivo regional terá uma “orientação programática plural” e um programa que “une a pluralidade com denominadores comuns”. O “diálogo” será o “fermento” e o “cimento” do governo açoriano, garantiu.
“Aos partidos que formam a coligação de governo lembraremos sempre que o governo é dos Açores e aos partidos que apoiam no parlamento esta solução governativa dizemos que o governo corresponderá aos acordos e os saberá sempre ouvir”. E, deixando uma palavra à esquerda, acrescentou: “aos partidos que votarão contra este governo, diremos que o nosso diálogo não os excluirá”.
Feita a contextualização, Bolieiro elencou as prioridades governativas. A primeira: o “combate à pobreza”, um dos temais mais mediáticos das últimas semanas, devido ao acordo com Chega e Iniciativa Liberal para a redução do RSI na região.
Nesse combate, “centro” da acção governativa - prometeu Bolieiro - , “ninguém” será deixado “para trás”. “O combate à pobreza deve ser um combate activo de todos os que podem trabalhar, de todos os que podem oferecer emprego, de todos os que criam riqueza e que a devem partilhar com impostos justos”, acrescentaria mais à frente.
Mas a “urgente prioridade” do governo estará noutro “combate”, aquele a ser travado com a pandemia de covid-19. No imediato, Bolieiro prometeu “rapidamente revalorizar o papel da coordenação regional de saúde pública” – tal como o PÚBLICO já tinha avançado. Mais para a frente, o objectivo é “tornar independente do governo a futura autoridade regional de saúde”. E palmas, mais uma vez.
A “seu tempo” será também apresentada uma “estratégia económica e financeira para o pós-covid”, enquanto, para já, a promessa passa pela redução da carga fiscal para as famílias e empresas até ao “limite legal previsto”.
“Não vamos negar o que está bem, que será para manter e continuar, nem vamos ignorar o que está mal e que precisará de mudar. Vinte e quatro anos depois a alternativa afirmou-se e a alternância governativa formou-se”.
No final, a esquerda aplaudiu breve e timidamente, enquanto a direita levantou-se para fazer eco da ovação. E assim se abriu um novo capítulo da autonomia política açoriana.
Vasco Cordeiro fica como deputado
No final da cerimónia, Vasco Cordeiro, presidente do Governo dos Açores desde 2012, assegurou que irá assumir o lugar de deputado na Assembleia Legislativa Regional.
“O sucesso do governo dos Açores é o sucesso e o bem-estar dos açorianos. Eu cá estarei no parlamento, com o mesmo orgulho e com a mesma honra que tive nos últimos oito anos de servir os Açores como presidente do governo”, afirmou em breves declarações aos jornalistas.
Questionado sobre as dificuldades de transitar da presidência do governo para a oposição, o líder do PS-Açores destacou que “o serviço aos açorianos supera isso tudo”, aproveitando, também, para desejar as “maiores felicidades” ao novo executivo açoriano.