Preços das casas podem cair, mas compras não serão mais fáceis para os jovens

Agência de notação financeira Moody’s prevê descida próxima de 2% nos preços das casas dos países do sul da Europa, mas avisa que quebra de rendimentos para uma parte da população pode ser ainda maior.

Foto
daniel rocha

A crise provocada pela pandemia deverá conduzir em Portugal e no resto da Europa a uma redução dos preços das casas já em 2021, mas a capacidade dos mais jovens e das pessoas com menores rendimento para adquirirem uma habitação própria deverá continuar a deteriorar-se, antecipa a Moody’s.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A crise provocada pela pandemia deverá conduzir em Portugal e no resto da Europa a uma redução dos preços das casas já em 2021, mas a capacidade dos mais jovens e das pessoas com menores rendimento para adquirirem uma habitação própria deverá continuar a deteriorar-se, antecipa a Moody’s.

Num relatório sobre o mercado de habitação na Europa publicado esta segunda-feira, a agência de notação financeira internacional prevê que a pandemia traga, também nesta área, “mudanças fundamentais”. Em primeiro lugar, antecipa, “os preços das casas irão cair por causa da covid-19, particularmente em países dependentes do turismo”, como é o caso de Portugal. A descida acontecerá no decorrer de 2021, depois de uma relativa estabilidade este ano e antes de uma expectável recuperação dos preços em 2022.

Embora não apresente neste relatório projecções específicas para a evolução dos preços das casas em Portugal, a Moody’s diz que o risco de descida de preços é maior nos países do sul da Europa, que têm uma dependência relativamente maior do sector do turismo, antecipando para Espanha e Itália quedas de preços próximas de 2% em 2021.

Não se pense contudo que esta tendência de abaixamento de preços, num cenário de redução da procura, significa que para todos os segmentos da população será agora mais fácil adquirir casa própria. O problema é que, em simultâneo, alerta a agência, se está a assistir a uma quebra dos rendimentos, nomeadamente no que diz respeito aos segmentos mais jovens da população e às classes de rendimento mais baixo, aqueles que estão também mais dependentes dos empregos em sectores como o comércio ou o turismo.

Sendo assim, a capacidade para comprar casa (que compara o nível de rendimento médio da população com o preço médio das casas) irá provavelmente, apesar da descida dos preços, manter a mesma tendência dos últimos anos de deterioração, diz a Moody’s, porque “a redução dos rendimentos e a menor disponibilidade de acesso ao crédito irão superar o declínio dos preços”.

Estes desenvolvimentos têm ainda o potencial para dificultar a vida aos bancos, já que podem conduzir a um aumento do crédito malparado. No entanto, acredita a agência de rating, será possível às instituições financeiras, devido ao elevado nível actual das suas reservas de capital, “mitigar esse risco”.