Dois testes e isolamento extra. Madeira tem medidas especiais para universitários que regressam nas férias de Natal
Em Dezembro, perto de quatro mil madeirenses a estudar no continente regressam à Madeira para o Natal. Governo regional teme risco de focos de contaminação de covid-19.
O regresso para o Natal dos cerca de quatro mil madeirenses que frequentam o ensino superior em instituições no continente está a deixar as autoridades regionais apreensivas, perante o risco do surgimento de focos de contaminação local associados.
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O regresso para o Natal dos cerca de quatro mil madeirenses que frequentam o ensino superior em instituições no continente está a deixar as autoridades regionais apreensivas, perante o risco do surgimento de focos de contaminação local associados.
No início deste mês, uma resolução do executivo madeirense determinou que os estudantes que regressem neste período à Madeira sejam sujeitos a um rastreio mais apertado e a um isolamento extra, em relação aos restantes passageiros.
Enquanto que o normal para quem chega ao arquipélago seja a realização de um teste de despiste ao SARS-CoV-2 no aeroporto (para os que não apresentem um teste negativo feito até 72 horas antes da chegada), e depois aguardar em isolamento pelo resultado do teste (cerca de 12 horas), os estudantes universitários vão ser obrigados a um segundo teste e a uma quarentena mais prolongada.
O segundo teste PCR à covid-19 será realizada entre o quinto e o sétimo dia, após o desembarque. Até ser conhecido o resultado desse último rastreio, os estudantes têm de ficar isolados em casa, em auto-vigilância.
A medida não é pacífica. A maioria dos estudantes chega à Madeira poucos dias antes do Natal, o que significa que terá que ficar afastado da família nessa data. “Eu sei que o isolamento é difícil. Também sou pai. Mas é fundamental que as pessoas cumpram este pressuposto do isolamento até ao segundo teste. É a única garantia que nós temos”, disse o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, esta semana aos jornalistas, depois de, no início do mês, ter dramatizado o discurso.
“Há que ser racional e a racionalidade impõe que se mantenha o distanciamento durante este período de cinco a sete dias antes da segunda testagem porque é a única maneira de ser evitada uma potencial desgraça”, argumentou, sugerindo que os estudantes façam o teste PCR no continente – a região tem protocolados acordos com seis laboratórios clínicos, numa rede de mais de 40 postos de recolha de Norte a Sul do país –, para encurtarem o período de isolamento até à realização do segundo teste.
Na Madeira, há quem duvide da eficácia da medida, ou do efectivo cumprimento. Albuquerque apela para a responsabilidade individual porque só desta forma será possível conter a pandemia na região autónoma, onde, desde o início de Outubro, o número de casos confirmados mais que duplicou, passando de 228, sem vítimas mortais, no dia 1 de Outubro, para um total de 660 infecções e duas mortes (segundo as autoridades de saúde regionais), contabilizados esta sexta-feira.
Esta medida, justificou, é em primeiro lugar para a segurança do próprio estudante e das respectivas famílias. Em segundo, é para toda a comunidade. “É um período crítico, porque sabemos o que o Natal representa. Mas todos temos que ser responsáveis”, disse, referindo-se ao facto deste período ser tradicionalmente celebrado na Madeira em convívios com a família alargada.
O PS não compreende. Não as medidas “necessárias para combater e controlar” a pandemia na região autónoma, mas o que considera ser uma “dualidade de critérios” para os que aterram no aeroporto.
“O que nós não conseguimos compreender é o facto de se exigir apenas esta obrigatoriedade aos estudantes universitários e não a todos aqueles que chegam à Região”, disse Marina Barbosa, uns dias depois, a deputada socialista, no final de uma visita à zona de chegadas do aeroporto. As medidas, dado o aumento do número de casos que se tem verificado, são, considera a deputada, justificadas, desde que “adequadas e proporcionais” à realidade epidemiológica do arquipélago. Mas, o PS não encontra uma justificação para que sejam apenas os universitários a serem sujeitos a esta dupla testagem. “Em média, um estudante universitário vem a casa nesta altura cerca de 10 dias, e se tiver de ficar em confinamento durante tanto tempo com certeza que poderá deixar de querer vir a casa no Natal”, alerta Marina Barbosa.