Da orquestra à música electrónica
É difícil imaginar o mundo sem música. O álbum ilustrado A Orquestra mostra-nos isso mesmo.
O ponto de partida é a orquestra sinfónica, mas lá mais para diante fica-se a conhecer compositores e salas de concertos, fala-se de ópera e tecnologia adaptada à música e ainda se revela a arte de compor para o cinema ou para o teatro.
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O ponto de partida é a orquestra sinfónica, mas lá mais para diante fica-se a conhecer compositores e salas de concertos, fala-se de ópera e tecnologia adaptada à música e ainda se revela a arte de compor para o cinema ou para o teatro.
Um álbum que nos lança na história da música, nos ensina o nome e função dos instrumentos e acaba a convidar os leitores a também tocar um: “Seja qual for tua opção, o mais importante é escolheres um instrumento de que gostes e começares a tocar… Depois, é só praticares, praticares, praticares! Tocares música com outras pessoas é uma óptima forma de fazeres novos amigos, melhorares as tuas aptidões e alargares a tua cultura musical.”
A autora começa por lembrar que “as pessoas sempre fizeram música”. Explicando em seguida que “o que começou por ser uma forma de comunicação entre nativos de diferentes locais do mundo acabou por se transformar numa forma de entretenimento à escala global”.
Seguiu-se a formação de grupos para cantarem e tocarem em conjunto, “transpondo emoções e as suas próprias ideias para as composições”. Em cada lugar, o seu estilo de música. “Diferentes regiões e grupos criaram as suas próprias melodias tradicionais, bem como distintos tipos de instrumentos.”
Lançado o mote, Avalon Nuovo descreve a disposição da orquestra sinfónica, “organizada em quatro grupos principais ou famílias: cordas, sopros de madeira, sopros de metal e percussão”. O importante papel do maestro merece também uma explicação logo nas primeiras páginas.
Há algumas curiosidades: “Uma orquestra sinfónica pode ter de mais de cem músicos a tocar vários instrumentos diferentes”; “a sala de concertos com a melhor qualidade de som do mundo é a Wiener Musikverein, em Viena, Áustria, projectada pelo arquitecto dinamarquês Theophil Hansen em 1870”; “a abadessa Hildegard von Bingen (1098-1179) foi um génio musical, numa época em que as mulheres, em geral, não podiam sequer falar em público” ou “as bandas sonoras de vários filmes emblemáticos do nosso tempo (Star Wars, Parque Jurássico, O Tubarão, ET) têm todas a mesma autoria: o compositor americano John Williams.”
Ilustrações inclusivas
O ilustrador, David Doran, cria ambientes diversificados e expressivos, seja no desenho de músicos à volta de uma mesa e que remete para o Renascimento, seja na representação de um músico actual, de boné frente a um teclado electrónico e rodeado de ecrãs. Há também algumas paisagens bem conseguidas e a preocupação de serem ilustrações inclusivas, com figuras de várias etnias e origens, assim como um miúdo numa cadeira de rodas a tocar flauta transversal. São imagens elegantes e sóbrias, em que predominam o azul e o laranja.
O ilustrador vive em Falmouth, Reino Unido, e numa entrevista à revista Intern, em 2016, falou do seu método: “Sempre admirei a estética dos pósteres de viagem vintage e das técnicas de impressão tradicionais. Às vezes, mudo o meu processo e trabalho com recortes de papel ou experimento em cadernos de desenho, mas a minha linguagem visual continua consistente.” David Doran tem colaborado com publicações como The New Yorker, New York Times e Wall Street Journal, diz-se “abençoado por trabalhar com pessoas incrivelmente criativas” e valoriza o trabalho dos directores de arte junto dos artistas free lancer.
Curiosamente, a autora do texto de A Orquestra também é ilustradora. Avalon Nuovo nasceu em Los Angeles (EUA) e já desenhou para The New York Times e Natur Och Kultur. Vive em Amesterdão, faz olaria e sabe música. No final do livro, sugere: “Por que é que não tentas criar a tua própria orquestra?”
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