Casos de covid-19 entre crianças até aos nove anos sobem 66%. Governo diz que há 68 surtos em contexto escolar
Maior parte dos focos de contágio está em Lisboa e Vale do Tejo. Secretário de Estado da Saúde divulgou novos dados sobre pandemia em contexto escolar, depois de três semanas sem actualização. Informação foi corrigida ao final da tarde.
Há 68 surtos de covid-19 activos em creches, escolas e instituições de ensino superior, sendo que mais de 70% destes situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, esclareceu o Ministério da Saúde, numa nota enviada às redacções, após um lapso durante uma conferência de imprensa desta sexta-feira, durante a qual foram dados dados incorrectos. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, tinha referido 477 surtos activos em escolas mas esse é, na verdade, o número de surtos activos em todo o país, e não só em estabelecimentos de ensino.
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Há 68 surtos de covid-19 activos em creches, escolas e instituições de ensino superior, sendo que mais de 70% destes situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, esclareceu o Ministério da Saúde, numa nota enviada às redacções, após um lapso durante uma conferência de imprensa desta sexta-feira, durante a qual foram dados dados incorrectos. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, tinha referido 477 surtos activos em escolas mas esse é, na verdade, o número de surtos activos em todo o país, e não só em estabelecimentos de ensino.
A Direcção-Geral de Saúde (DGS) vai passar a divulgar semanalmente a informação relativa ao número de casos de covid-19 em contexto escolar, depois de três semanas em que estes dados não foram actualizados. A decisão é tomada depois de, na quinta-feira, na reunião com peritos, o Presidente da República ter dito que queria saber mais sobre o risco que existe nos estabelecimentos de ensino. De acordo com os dados da DGS sobre a infecção nas diferentes classes etárias, o grupo das crianças até aos nove anos é aquele onde se registou o maior aumento de infecções nas últimas duas semanas.
Nos estabelecimentos de educação de Lisboa e Vale do Tejo há 50 dos 68 surtos de covid-19 activos em contexto escolar. Considera-se um surto sempre que há duas ou mais infecções dentro de uma escola. Segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, na região Norte, que é aquela onde se tem concentrado a maior parte dos casos da doença na população geral, há três surtos em contexto escolar, ao passo que no Centro são 11. Registam-se ainda dois focos de contágio em estabelecimentos escolares no Alentejo e dois no Algarve.
Os últimos dados sobre contágio em contexto escolar tinham sido avançados pela DGS a 23 de Outubro. Eram então 63. Estas informações vão agora passar a ser actualizadas semanalmente pela direcção-geral. Durante o mês de Outubro, a DGS divulgava o número de surtos em contexto escolar nos balanços que fazia regularmente sobre a pandemia, mas há três semanas que a informação não era actualizada.
O Ministério da Educação lançou, entretanto, uma nova plataforma informática onde os directores de cada agrupamento devem dar conta da evolução da pandemia nas respectivas comunidades escolares. O novo sistema veio substituir o email, que estava a ser usado desde o início do ano lectivo como forma de comunicação destes indicadores aos delegados regionais de Educação.
A informação colocada na plataforma é a mesma que já antes era divulgada por email. Isto é, os directores das escolas têm que indicar sempre que existe um caso positivo na comunidade escolar, seja entre alunos, professores ou funcionários, independentemente do local de contágio. Mesmo os contágios que acontecem fora das escolas são contabilizados. Sempre que há uma turma em isolamento profiláctico também é comunicado.
O PÚBLICO pediu estes dados ao Ministério da Educação nas últimas duas semanas, bem como à Direcção-Geral da Saúde, não tendo recebido resposta até ao momento.
Infectados até nove anos sobem 66%
Desde que a plataforma foi lançada, no dia 5 de Novembro, e até à última quarta-feira, o número de jovens até aos nove anos infectados com covid-19 subiu 66%, de acordo com o boletim da DGS emitido nesta quinta-feira, com dados referentes às 24 horas anteriores. Este foi o grupo etário com maior crescimento, seguido dos 10 aos 19 anos (uma subida de 63% das infecções). Ainda assim, a faixa etária até aos nove anos continua a ser aquela onde a incidência da doença é menor.
Desde o início da pandemia foram reportados 11.772 casos de covid-19 entre crianças até aos nove anos, dos quais cerca de 4600 desde 5 de Novembro, data da entrada em funcionamento da plataforma na qual as escolas devem registar os casos positivos. E foram notificados cerca de 20.780 casos nos jovens dos 10 aos 19, dos quais à volta de oito mil também de 5 de Novembro até à data.
Em números absolutos, contudo, o grupo mais atingido é o dos 40-49 anos, com 13 mil novas infecções nestas duas semanas. No mesmo período o aumento total dos casos, em todas as idades foi de 45,6% (ou seja, mais 76.109, tendo a covid-19 atingido desde Março 243 mil pessoas, a maioria das quais recuperou).
Na última semana, a DGS mudou a apresentação dos dados das infecções por grupo etário (havia menos de 300 situações no domingo para as quais não havia idade atribuída, sendo o grupo etário “desconhecido”). Desde o início da semana todas os casos reportados aparecem já com a indicação do grupo etário a que pertence a pessoa que testou positivo. Esta alteração, contudo, terá pouco impacto nas comparações da evolução da doença por idades uma vez que o número de situações que até domingo não apareciam associadas a nenhum grupo etário era residual.
Os números divulgados pelo Governo há duas semanas, quando anunciou novas medidas de combate à pandemia de covid-19, indicavam que cerca de 3% dos casos detectados provinham de “ambiente escolar”, uma categoria onde estão incluídas não só as escolas públicas, como também as privadas, as universidades e os politécnicos.
Notícia actualizada às 20h12 com novos dados sobre surtos nas escolas