ARS do Norte já transferiu 53 doentes com covid-19 para os hospitais privados
O protocolo estabelecido pela ARS do Norte com os hospitais dos sectores privado e social prevê a transferência de até 100 doentes com covid-19 dos hospitais públicos. Número “pode ser alargado”. Em Lisboa, os privados dizem-se disponíveis para acolher estes doentes, mas os acordos com a ARS estão só agora a ser ultimados.
Na região Norte foram transferidos até agora 53 doentes com covid-19 para hospitais dos sectores privado e social, bem como 98 outros doentes sem covid. Os 13 protocolos que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte estabeleceu com hospitais privados e das misericórdias prevêem a transferência de até 100 doentes infectados pelo novo coronavírus e 103 com outras patologias.
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Na região Norte foram transferidos até agora 53 doentes com covid-19 para hospitais dos sectores privado e social, bem como 98 outros doentes sem covid. Os 13 protocolos que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte estabeleceu com hospitais privados e das misericórdias prevêem a transferência de até 100 doentes infectados pelo novo coronavírus e 103 com outras patologias.
“Este número poderá ser alargado em caso de necessidade”, garantiu ao PÚBLICO a ARS/Norte, especificando que, além da Fundação Fernando Pessoa e da Santa Casa da Misericórdia de Póvoa de Lanhoso, assinou convenções para unidades dos grupos Trofa, CUF, Lusíadas e Luz Saúde. Isto sem contar com os acordos assinados na semana passada com várias misericórdias e que “irão permitir contratar mais de 80 mil consultas e 13 mil cirurgias, entre ambulatório e convencionais”.
Na entrevista que deu anteontem, a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que em mais nenhuma outra região do país os hospitais privados se disponibilizaram para receber e tratar doentes com covid-19 transferidos pelo serviço nacional de saúde, cujos hospitais estão sobrecarregados. Mas a própria ARS de Lisboa e Vale do Tejo adiantou esta quinta-feira, questionada pelo PÚBLICO, que está em negociações com os grupos CUF e Luz Saúde para contratação de camas de enfermaria e de cuidados intensivos para doentes com aquela doença. Esta ARS está, além disso, a ultimar uma parceira com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para que uma das unidades de retaguarda possa receber doentes com covid-19.
O hospital do SAMS, por seu turno, acordou a transferência de doentes sem covid, sendo que actualmente já lá estão internados seis doentes transferidos de hospitais públicos da região. Neste caso, o acordo estabelecido contempla 10 camas de enfermaria e duas camas de cuidados intensivos.
Numa altura em que o país continua a bater recordes de novos casos de contágio (os últimos números da DGS dão conta de um novo recorde de 6994 novos casos em 24 horas), a transferência de doentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não vai ficar por aqui. Ainda em Lisboa, a ARS fez um acordo com as Residências Montepio que prevê a transferência de até 20 doentes “não-covid” que estejam internados e aguardar vaga numa das unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Além disso, e porque cada vez mais hospitais públicos, como o de Santa Maria, em Lisboa, estão a suspender as cirurgias não urgentes para aumentar a capacidade de resposta à covid-19, mimetizando assim as decisões já tomadas anteriormente pelos principais hospitais do Porto, a ARSLVT possui ainda parcerias com as Forças Armadas para o internamento de doentes com covid-19 em várias das unidades que estão sob tutela do Ministério da Defesa.
Ao contrário do que sugeriu Marta Temido, as parcerias do sector público com os privados só não aconteceram mais cedo porque os privados não foram chamados a tal, segundo alegam os grupos detentores de hospitais privados. Ao que o PÚBLICO apurou, enquanto a ARS/Norte, que tem sido a região mais fustigada até agora por esta segunda vaga da pandemia, pediu a colaboração ao sector privado ainda em Outubro, enquanto em Lisboa esse pedido só terá chegado na quinta-feira passada.
“Mantemos e sempre mantivemos a disponibilidade para ajudar, desde que nos digam quais são as necessidades e, até ao momento, não temos nenhum pedido efectivo, nem a Norte nem a Sul, para tratar doentes com covid-19”, assegurou esta quinta-feira à tarde o gabinete de comunicação do grupo Lusíadas, para cujos hospitais já foram transferidos vários doentes “não-covid” oriundos de hospitais públicos.
Ao PÚBLICO, o grupo Luz Saúde, que ontem somava 11 doentes do SNS internados nas unidades a Norte (Póvoa de Varzim, Guimarães e Vila Real), garante que se dispôs a alocar até 138 camas para tratamento de doentes “com e sem covid” um pouco por todo o país. Em Lisboa, a Luz Saúde diz ter 30 camas para tratamento de doentes com a doença provocada pelo novo coronavírus, das quis 22 em enfermaria e oito em cuidados intensivos e intermédios.
O novo acordo entre as ARS e os hospitais privados, divulgado há dias pela Administração Central do Sistema de Saúde, prevê que o SNS pague por cada doente com covid-19 que seja encaminhado pelos hospitais públicos valores que podem variar entre os 8431 euros, por doentes internados que requeiram ventilação por mais de quatro dias, os 6036 euros, para os que necessitem desse recurso por um período não superior a quatro dias, e 2495 euros para internamentos que dispensem ventilação.