Israel: Pompeo visita Cisjordânia ocupada e Montes Golã

Primeira visita de um secretário de Estado dos EUA a territórios que a comunidade internacional não reconhece como israelitas.

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Protesto palestiniano contra a visita de Mike Pompeo ao colonato judaico de Psagot, na Cisjordânia Reuters/MOHAMAD TOROKMAN

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visitou um colonato judaico na Cisjordânia ocupada, e ainda os Montes Golã, região disputada com a Síria. A que poderá ser a última visita de Pompeo à região foi ainda a primeira visita de um secretário de Estado dos EUA a um colonato judaico em território ocupado.

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O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visitou um colonato judaico na Cisjordânia ocupada, e ainda os Montes Golã, região disputada com a Síria. A que poderá ser a última visita de Pompeo à região foi ainda a primeira visita de um secretário de Estado dos EUA a um colonato judaico em território ocupado.

A visita pretende cimentar a afirmação da Administração Trump que os Montes Golã, que Israel conquistou à Síria em 1967 e anexou em 1981, pertencem ao Estado hebraico – algo que não é partilhado pela comunidade internacional, que não reconheceu a anexação. E ainda a pretensão israelita a partes da Cisjordânia onde tem colonatos, que como estão em território ocupado são considerados ilegais pela lei internacional.

O Departamento de Estado anunciou ainda antes da viagem de Pompeo que os produtos dos colonatos podem ser vendidos como “produzidos em Israel”, naquilo que representa uma grande alteração ao praticado actualmente. Na União Europeia, há um ano, o mais alto tribunal decidiu que os países europeus têm de identificar a origem de produtos caso estes sejam provenientes de colonatos, distinguindo-os dos que são produzidos no território israelita dentro da linha verde estabelecida em 1949. O veredicto dizia respeito a um caso envolvendo precisamente a exploração vinícola de Psagot, visitada por Pompeo.

A declaração, feita por Trump mesmo antes de eleições em Israel, de que os Montes Golã eram israelitas, ou a de Pompeo dizendo que os EUA já não viam os colonatos judaicos como “inconsistentes com a lei internacional”, seguiram-se à maior acção, a de declarar que Jerusalém era de facto a capital de Israel (ignorando a pretensão palestiniana a Jerusalém Oriental) e mudando para lá a sua embaixada (ou melhor, parte da representação diplomática, já que a logística de uma mudança não permitia tanta rapidez).

Pompeo termina esta sexta-feira uma visita de três dias que contou ainda com um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e uma conferência de imprensa em que esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros do Bahrein, Abdullatif bin Rashid al-Zayani – o Bahrein foi o segundo de três países árabes a normalizar relações com Israel nos últimos meses, em acordos patrocinados por Washington.

A negociadora palestiniana Hanan Ashrawi acusou Pompeo de usar as últimas semanas da Administração Trump para “estabelecer mais um precedente ilegal, violar a lei internacional e talvez avançar as suas ambições políticas futuras”, cita a Reuters.

A acção de Pompeo foi vista como uma tentativa de deixar uma acção para Biden não desfazer. O Presidente eleito é um forte aliado de Israel, e para o país tem uma vantagem, que é ser menos imprevisível do que Trump. Mas tratar colonatos como parte de Israel é muito controverso mesmo para muitos dos seus apoiantes.