O desafio logístico de um Grande Prémio: dos 1000 contentores aos 200 técnicos de media

O transporte do equipamento entre cada Grande Prémio é uma operação desafiante, morosa e delicada.

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As tradicionais motorhomes nos bastidores das corridas DR

Pôr em marcha um Grande Prémio de MotoGP é uma operação logística tão complexa quanto exigente. Nesta temporada atípica, disputada exclusivamente em território europeu, essa dor de cabeça operacional foi parcialmente minimizada, mas, ainda assim, vale a pena olhar para os contornos dos bastidores do motociclismo de velocidade, com o Moto 2 e o Moto 3 incluídos.

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Pôr em marcha um Grande Prémio de MotoGP é uma operação logística tão complexa quanto exigente. Nesta temporada atípica, disputada exclusivamente em território europeu, essa dor de cabeça operacional foi parcialmente minimizada, mas, ainda assim, vale a pena olhar para os contornos dos bastidores do motociclismo de velocidade, com o Moto 2 e o Moto 3 incluídos.

De Valência, sede da anterior corrida do Mundial, até Portimão, o percurso é relativamente curto (cerca de 910 quilómetros) e passível de ser feito integralmente por estrada. Nesse sentido, a missão fica fortemente facilitada quando comparada com viagens transoceânicas, tão comuns nos calendários pré-pandemia de covid-19. De todo o modo, a quantidade de equipamento transportado, por si só, já impressiona.

Na prática, são cerca de 1000 contentores de material, cujo peso total ascende a 360 toneladas e que são distribuídos por 40 camiões - ou, no caso do transporte aéreo, suficientes para encher quatro Boeing 747. Cada moto, por exemplo, ocupa um container feito à medida, ao qual é acoplada antes de ser coberta com uma película protectora. Mas o quebra--cabeças torna-se um pouco mais acessível em circunstâncias como as deste ano, em que todo o campeonato ficou adstrito à Europa.  

“Temos de estabelecer uma diferença entre as corridas na Europa e as alturas em que vamos para outros continentes. Nas provas europeias, as equipas que têm pista própria deslocam-se por si mesmas”, explicou Carles Jorba, director do departamento de operações da Dorna, empresa promotora do campeonato, ao site MotoGP. Nesses casos, a parceria com a IRTA (federação internacional de equipas de corrida) torna-se fundamental.

Ao longo dos anos, a parafernália de equipamento necessária para a participação de cada equipa também foi crescendo. E no início do século o promotor do Mundial sentiu a necessidade de passar a concentrar toda a operação, criando de raiz uma equipa de logística responsável pela movimentação da carga.

“Tínhamos de ser capazes de olhar para o mercado e procurar a melhor solução para cada operação, a melhor oferta, a melhor oportunidade, dependendo do local para onde viajávamos. Esse foi um passo interessante para nós”, afirmou Carles Jorba. “Ao domingo à noite, as equipas deixam-nos 38, 40, 42 contentores e o maior sucesso para nós é, na quarta-feira de manhã, eles abrirem as caixas e verificarem que todo o equipamento está lá”.

Para além do material de competição, a Dorna assegura ainda 140 câmaras para cada transmissão, sendo que só para a gravação e montagem de vídeo existe uma equipa de 200 técnicos. E para cada corrida são, regra geral, 540 os funcionários envolvidos na logística pura.