No Norte, há um abrandamento do crescimento da epidemia, mas não chega. É preciso “travão a fundo”
O número de novos casos está a crescer mais nas crianças e nos idosos com mais de 80 anos.
Há boas e más notícias para a região norte do país, a que tem sido mais fustigada pela epidemia de covid-19. Há um abrandamento do crescimento da incidência nas duas últimas semanas, mas o número de novos casos ainda é quase sete vezes superior ao registado em Abril, avisa Óscar Felgueiras, matemático e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
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Há boas e más notícias para a região norte do país, a que tem sido mais fustigada pela epidemia de covid-19. Há um abrandamento do crescimento da incidência nas duas últimas semanas, mas o número de novos casos ainda é quase sete vezes superior ao registado em Abril, avisa Óscar Felgueiras, matemático e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Os mapas desta região que o especialista exibiu na reunião que está a decorrer esta quinta-feira no Infarmed em Lisboa – e em que vários peritos estão a analisar a evolução da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal – evidencia o crescimento da incidência entre o início de Setembro e os últimos dias na forma de uma mancha que se foi alastrando pelos vários concelhos da região. Mas, se há alguns em que a incidência já está a descer, há outros em que está a crescer.
O resultado é que, na região em geral, a incidência continua a ser sete vezes superior à registada em Abril e, no caso dos idosos, é actualmente mais do dobro do pico observado na primeira vaga, destacou Óscar Felgueiras. Considerando faixas etárias, é nas crianças que se verifica um maior crescimento (32%), nos idosos com mais de 80 anos (26%), mas também nos adolescentes (24%) e entre os 70 e 79 anos (mais 21%).
O especialista já tinha destacado ao PÚBLICO esta semana que se notava um abrandamento do crescimento da epidemia, que poderá ser já consequência da “alteração gradual de comportamentos” desde meados de Outubro, mas sublinhou que isto não chega. “Não foi um travão a fundo. Estamos num patamar de incidência elevadíssimo que põe o sistema hospitalar sob pressão enorme. Isto tem mesmo de baixar”, enfatizou.
“Se estivéssemos num patamar de incidência semelhante ao de Lisboa e Vale do Tejo, poderíamos aguardar que descesse, mas no Norte não podemos dar-nos a esse luxo”, acrescentou.
Na última actualização dos novos casos a 14 dias por 100 mil habitantes feita pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC), o Norte era, aliás, a única região da Península Ibérica com uma incidência cumulativa superior a 960, o novo patamar de risco elevado criado pelo ECDC há uma semana (antes era de 240).