Portugal não irá reforçar aquisição de vacinas contra a gripe sazonal, diz Temido

Das 2,5 milhões de doses de vacina contra a gripe, já foram administradas 1,4 milhões. Há 440 mil doses em stock e 200 mil a caminho. Depois disso, “não há mais vacinas disponíveis”, avisou a titular da pasta da Saúde. Quanto à vacina contra a covid-19, idosos e pessoas com comorbilidades e profissionais da saúde e dos serviços essenciais serão os primeiros.

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A vacinação "massiva" dos profissionais de saúde foi uma das razões apontadas para a actual escassez de vacinas Daniel Rocha (arquivo)

Numa altura em que muitos portugueses aguardam ainda que haja vacinas contra a gripe sazonal disponíveis no mercado, a ministra da Saúde, Marta Temido, não podia ter sido mais clara: “Não há mais vacinas disponíveis no mercado mundial”, avisou, numa entrevista, esta manhã, ao podcast do PS, transmitida em directo via redes sociais.

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Numa altura em que muitos portugueses aguardam ainda que haja vacinas contra a gripe sazonal disponíveis no mercado, a ministra da Saúde, Marta Temido, não podia ter sido mais clara: “Não há mais vacinas disponíveis no mercado mundial”, avisou, numa entrevista, esta manhã, ao podcast do PS, transmitida em directo via redes sociais.

“É importante que as pessoas percebam que só deve vacinar-se quem tem critério (…). Eu não me vacinei, alguns tê-lo-ão feito sem critério”, declarou, justificando assim a escassez da oferta de vacinas face à procura que está a ser registada.

Por estes dias, Portugal aguarda ainda a chegada ao país de 200 mil doses de vacina contra a gripe que “chegarão no final deste mês de Novembro, o mais tardar”, segundo a titular da Saúde. Quando tal acontecer, Portugal verá completado o lote de dois milhões de doses de vacinas que adquiriu no mercado mundial, onde “a disponibilidade da vacina não é infinita”, como frisou Temido.

Àqueles dois milhões de doses somam-se ainda outras 500 mil doses adquiridas directamente pelas farmácias. E, actualmente, o país contabiliza já 1,4 milhões de vacinas administradas. “Há ainda 440 mil doses de vacinas que, de acordo com os últimos dados, ainda estão em stock e que, portanto, estarão em diversos pontos do país a ser administradas”, descreveu Marta Temido.

Em Outubro Marcelo Rebelo de Sousa disse que a ministra da Saúde lhe garantiu que não haveria escassez de vacinas, as 2,5 milhões de doses adquiridas no total teriam sido suficientes “para a vacinação que normalmente o país realiza”. “O que é facto é que este ano tivemos uma procura de pessoas que normalmente não procuram vacinar-se, desde logo dos profissionais de saúde que este ano têm aderido massivamente à vacinação e que, em anos anteriores, não se queriam vacinar”, justificou. 

Além dos apelos à vacinação, a procura acrescida à vacina da gripe sazonal assenta na convicção de que a mesma pode estar associada a uma melhor resposta imunitária ao novo coronavírus. 

Vacina contra covid-19: idosos, doentes e profissionais de saúde primeiro

Quanto à vacina contra o novo coronavírus, que o Governo conta poder começar a distribuir em Janeiro, desde que, como diz esperar a agência europeia do medicamento, ela esteja disponível para distribuição, Marta Temido adiantou que os primeiros a ser vacinados deverão ser “pessoas acima de uma certa idade, com comorbilidades associadas, profissionais de saúde e de serviços essenciais e eventualmente também profissionais de serviços sociais”.

Mais adiante, e especificando que nestes grupos prioritários, se inserem os idosos institucionalizados e profissionais de segurança e de protecção civil, a ministra adiantou que já foi nomeada um grupo de trabalho interdisciplinar responsável por elaborar um plano para a vacinação contra a covid-19. Sobre os grupos prioritários, Temido baseou-se no facto de Portugal se preparar para seguir nesta matéria “a generalidade do pensamento e da evidência dos outros países”. “A definição concreta do que está dentro destas categorias e a priorização de cada uma destas categorias tem de ser agora melhor especificada e é nisso que os técnicos estão a trabalhar”, adiantou, incluindo a preparação do registo informático para administração da vacina e registo “de eventuais reacções adversas”.

Doentes covid-19 no privado e sector social só no Norte 

Questionada sobre quantos doentes “covid e não covid” foram encaminhados do SNS para os sectores privado e social, Temido disse não ter dados disponíveis, mas apontou a região coberta pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte como sendo a única em todo o país onde hospitais privados e misericórdias se disponibilizaram para acolher doentes infectados com o novo coronavírus. “Temos insistido todos os dias com todas as regiões para activamente fazerem essa procura [de disponibilidade] e o que temos disponível até agora são as respostas da Fundação Fernando Pessoa, do Hospital da Trofa - que vai ser activado no dia 23 - da CUF Porto e da Santa Casa da Misericórdia de Póvoa de Lanhoso e Lousada: são estes os hospitais que nos deram resposta para tratamento de doentes covid”, asseverou.

Temido recusou pronunciar-se quando questionada sobre se os grupos privados da saúde estarão mais interessados em colaborar no que lhes dá mais lucro: as cirurgias, por não querer contribuir para “o empolamento da questão ideológica”. “O importante para o Ministério da Saúde neste momento é encontrar respostas para os utentes, e, portanto as motivações de cada um ficam à porta”.

No decurso da entrevista, Marta Temido teve ainda tempo para assegurar que o subsídio extraordinário aos profissionais da saúde que estiveram na linha da frente será pago ainda no decurso deste ano. “Estamos esta semana e a próxima a ultimar as diligências necessárias à sua atribuição”, especificou.

Aprovado no dia 1 de Julho, este subsídio destina-se a todos os profissionais de saúde que contactem directamente com doentes com covid, além de infectados e suspeitos de infecção com o novo coronavírus, e deverá ser pago de dois em dois meses, mas não pode ultrapassar os 219 euros, metade do indexante dos apoios sociais (IAS).