Covid-19: estar perto da natureza pode melhorar a saúde mental durante a pandemia

Novo estudo, realizado em Tóquio, indica que “uma dose regular de natureza” pode mitigar os efeitos adversos da pandemia de covid-19 na saúde mental.

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Frequentar espaços verdes pode mitigar efeitos negativos da pandemia de covid-19 na saúde mental Miguel Manso

Em tempo de pandemia, viver junto da natureza é uma vantagem. Mas, mais do que isso, pode mesmo ter impacto na prevenção de doenças mentais. Um novo estudo, publicado esta terça-feira na revista científica Ecological Applications, sugere que ter espaços verdes perto de casa pode ajudar a mitigar alguns dos efeitos negativos da pandemia de covid-19 na saúde mental.

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Em tempo de pandemia, viver junto da natureza é uma vantagem. Mas, mais do que isso, pode mesmo ter impacto na prevenção de doenças mentais. Um novo estudo, publicado esta terça-feira na revista científica Ecological Applications, sugere que ter espaços verdes perto de casa pode ajudar a mitigar alguns dos efeitos negativos da pandemia de covid-19 na saúde mental.

O estudo teve por base um questionário feito online a três mil adultos em Tóquio, no Japão, e analisou a relação entre cinco parâmetros de saúde mental (depressão, satisfação com a vida, felicidade subjectiva, auto-estima e solidão) e duas experiências com a natureza (frequência de uso de espaços verdes e vista para a natureza através das janelas de casa).

Os autores concluíram que estar frequentemente próximo da natureza e ter uma paisagem verde visível a partir de casa está associado a níveis mais elevados de auto-estima, satisfação e felicidade subjectiva e a níveis mais baixos de depressão e solidão.

“Os nossos resultados sugerem que ter a natureza por perto pode servir como um amortecedor para diminuir os efeitos adversos de um evento muito stressante para os humanos”, afirmou em comunicado Masashi Soga, autor principal do estudo, da Universidade de Tóquio. “Proteger os ambientes naturais em áreas urbanas é importante não apenas para a conservação da biodiversidade, mas também para a protecção da saúde humana”, concluiu.

No artigo, os autores explicam que a resposta global à pandemia de covid-19 resultou na adopção de medidas restritivas rápidas e sem precedentes, que tiveram impacto no quotidiano da maioria das pessoas. Para travar a propagação do novo coronavírus, governos de todo o mundo implementaram medidas como o distanciamento social e o confinamento, com as pessoas a passarem apenas um tempo limitado ao ar livre. “Durante estes tempos extraordinários, o facto de haver natureza perto de casa pode ter um papel fundamental na mitigação de efeitos adversos na saúde mental devido à pandemia e às medidas tomadas para a enfrentar”, sublinham.

Os investigadores destacam que foram tidas em conta variáveis sociodemográficas, assim como os diferentes estilos de vida dos participantes. As conclusões indicam que “uma dose regular de natureza pode contribuir para a melhoria de um amplo conjunto de efeitos na saúde mental”.

“Com a recente escalada na prevalência de distúrbios mentais e os possíveis impactos negativos da pandemia de covid-19 na saúde mental pública, os nossos resultados têm enormes implicações nas políticas, sugerindo que a natureza urbana tem um grande potencial para ser usada como uma solução para melhorar a saúde pública”, concluem.

Num estudo da Universidade de Exeter (Reino Unido), publicado na revista Scientific Reports, feito antes da pandemia com base nas respostas de 19.806 pessoas de Inglaterra, tinha já concluído que passar duas horas por semana ao ar livre faz bem, sendo este o tempo necessário para que os efeitos benéficos da frequência de espaços verdes se façam sentir.