Partido Trabalhista levanta suspensão de Jeremy Corbyn
Antigo líder foi readmitido no Labour, duas semanas depois de ter sido suspenso devido à reacção negativa a um relatório que criticava a resposta da sua direcção às denúncias de anti-semitismo no partido britânico.
Jeremy Corbyn foi readmitido como militante e membro da bancada parlamentar do Partido Trabalhista britânico de pleno direito. A direcção liderada por Keir Starmer decidiu reverter a decisão de suspender o anterior líder, tomada há cerca de duas semanas, na sequência da reacção crítica do histórico dirigente trabalhista a um relatório que criticava a sua gestão das denúncias de anti-semitismo dentro do Labour.
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Jeremy Corbyn foi readmitido como militante e membro da bancada parlamentar do Partido Trabalhista britânico de pleno direito. A direcção liderada por Keir Starmer decidiu reverter a decisão de suspender o anterior líder, tomada há cerca de duas semanas, na sequência da reacção crítica do histórico dirigente trabalhista a um relatório que criticava a sua gestão das denúncias de anti-semitismo dentro do Labour.
A decisão surge na sequência de uma longa publicação de Corbyn nas redes sociais, nesta terça-feira, na qual esclarece que nunca quis defender que as acusações de anti-semitismo no partido são “exageradas” ou “excessivas”.
“O argumento que quis demonstrar era que a maioria dos membros do Partido Trabalhista eram e continuam a ser anti-racistas convictos, que se opõem profundamente ao anti-semitismo”, escreveu o ex-líder no Facebook. “Lamento a dor que questão causou junto da comunidade judaica e não pretendo fazer mais para a exacerbar ou prolongar”, acrescentou Corbyn.
O antigo dirigente máximo do Labour (2015-2020) e deputado (desde 1983), que guiou o partido nas últimas eleições legislativas, não negou a existência de anti-semitismo no partido de centro-esquerda britânico, mas disse, na altura, que toda questão tinha sido “dramaticamente exagerada por motivos políticos”.
Para além disso, contrariou algumas conclusões do relatório da Equality and Human Rights Commission (EHRC) – que apontou “falhas graves na liderança do Partido Trabalhista” face aos casos e referiu que o procedimento adoptado para lidar com as queixas de anti-semitismo foi “inadequado” –, dizendo que a sua direcção fez “melhorias significativas, que tornaram muito mais fácil e rápido expulsar anti-semitas”.
Eleito para o lugar de Corbyn em Abril, Keir Starmer tinha assumido ter ficado “profundamente desapontado com a resposta de Jeremy Corbyn”, tendo-a acolhido com um desafio à sua intervenção no mesmo dia, na qual proclamou um “dia de vergonha para o Partido Trabalhista”, por ter “falhado ante a população judaica”.
A reversão da suspensão de Corbyn está a ser entendida pelos media britânicos como uma estratégia para apaziguar um partido que ameaça voltar a partir-se ao meio, numa altura em que morde os calcanhares nas sondagens ao Partido Conservador, do primeiro-ministro, Boris Johnson.
“Estou satisfeito por ter sido readmitido no Partido Trabalhista e gostaria de agradecer a todos os militantes, sindicatos e apoiantes, aqui e em todo o mundo, que ofereceram a sua solidariedade”, celebrou Corbyn nas redes sociais.
“O nosso movimento deve agora unir-se para se opor e derrotar este Governo conservador profundamente prejudicial”, acrescentou.