Nagorno-Karabakh: na terra queimada há sempre gente a chegar e a partir
Acordo de cessar-fogo entre Arménia e Azerbaijão redistribuiu territórios disputados e promoveu fluxo cruzado de deslocações para dentro e fora do enclave. Para os que regressam ou que fogem, a terra nunca chega a mudar de mãos – é sua e não dos outros.
Ashot Khanesyan, um arménio de 53 anos que viveu durante quase três décadas na região de Kelbajar, no enclave do Nagorno-Karabakh, teve duas grandes decisões para tomar nos últimos dias. A primeira: queimar ou não queimar a casa que construiu com as suas próprias mãos. A segunda: deixar para trás as galinhas ou as batatas. A “consciência” convenceu-o a não pegar fogo à casa de uma vida e o pragmatismo levou-o a optar pelos animais.