Furacões, secas e outros desastres ligados ao clima provocaram mais de 410 mil mortes na última década

Relatório foi divulgado numa altura em que dois fortes furacões atingem a América Central, levando a dezenas de milhares de deslocados.

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Desastres provocados pelas alterações climáticas como tempestades, ondas de calor ou inundações deixaram pelo menos 410 mil mortos na última década, segundo um relatório da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) citado pela agência Europa Press.

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Desastres provocados pelas alterações climáticas como tempestades, ondas de calor ou inundações deixaram pelo menos 410 mil mortos na última década, segundo um relatório da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) citado pela agência Europa Press.

No seu World Disaster Report, a Cruz Vermelha diz que as alterações climáticas são o maior desafio global do planeta: estes representam 83% de todos os desastres dos últimos dez anos.

Estes fenómenos registaram um aumento de 35% desde os anos 1990. Deixaram, a cada ano, mais de 100 milhões de pessoas a precisar de ajuda e esse número vai duplicar dentro dos próximos 30 anos, destaca por seu lado o jornal australiano Sydney Morning Herald.

As ondas de calor foram os fenómenos que mais mortes causaram, seguidas de tempestades.

O relatório é divulgado quando o furacão Iota, o mais forte da temporada deste ano no Atlântico, está a passar por zonas já atingidas por outro furacão, o Eta, que começou a 3 de Novembro. A época de furacões deste ano tem sido especialmente activa, sublinha o diário norte-americano The Washington Post. Esta é a primeira vez que se formam dois furacões na bacia do Atlântico em Novembro (já no final da época) desde que começou a haver registos, em 1851, nota a Reuters. 

Entrando na cidade de Haulover, Florida, o Iota deslocou-se para a Nicarágua onde atingiu localidades piscatórias e agrícolas, com ventos a chegar a 250 km/h. Parte das operações de evacuação foram dificultadas pelos efeitos do Eta, com pontes destruídas e estradas sem grandes condições para trânsito. Foram deslocadas 40 mil pessoas.

Na Colômbia, o Presidente, Iván Duque, disse que na ilha de Providência, entre a Jamaica e a Costa Rica, onde o furacão passou antes de chegar ao continente, os estragos são enormes. “Temos de nos preparar para a destruição total das infra-estruturas.”

O Iota perdeu entretanto força ao entrar esta terça-feira nas Honduras, onde o Eta tinha provocado deslizamentos de terra e lama que fizeram mais de cem mortos. Cerca de 100 mil pessoas foram obrigadas pelas autoridades a deixar as suas casas e procurar abrigo em locais seguros.

“O problema é que os abrigos já estão cheios por causa do Eta”, comentou Maite Matheu, directora da organização não governamental Care nas Honduras.

“Não estamos a ganhar”

As Honduras foram dadas como exemplo pela Cruz Vermelha de uma falha na atribuição de fundos destinados à adaptação climática: os países que mais precisam não são os que mais recebem. O país recebe apenas um euro por pessoa, uma quantia que a Cruz Vermelha classifica como “totalmente desadequada”.

“Esta desconexão [entre os países que mais precisam e os países que mais recebem] pode custar vidas”, disse o secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain. “A nossa responsabilidade é proteger as comunidades que estão mais expostas e vulneráveis aos riscos climáticos.”

No âmbito geral, “mesmo que tenhamos pequenas vitórias todos os dias, não estamos de modo nenhum a ganhar”, sublinhou o responsável. “Não estamos no caminho certo para fazer as mudanças que precisam de ser feitas, nem de as fazer a tempo.”

O relatório argumenta, por outro lado, que há uma oportunidade neste momento, com os pacotes de ajuda à pandemia, que poderiam servir como oportunidade para reduzir a vulnerabilidade climática.

“A adaptação climática não pode ficar para trás quando o mundo está preocupado com a pandemia”, disse ainda Chapagain. “Ambas as crises têm de ser abordadas de modo conjunto. Estes desastres já estão às portas de cada país em todo o mundo.”