EUA: responsável pelas eleições na Georgia diz que foi pressionado a anular votos legais

O secretário de estado da Georgia, membro do Partido Republicano, diz que tem recebido ameaças de morte feitas por pessoas que acreditam nas acusações infundadas de fraude eleitoral nas eleições nos EUA.

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O senador Lindsey Graham é acusado de ter pressionado o secretário de estado da Georgia a anular boletins de voto legais Reuters/SIPHIWE SIBEKO

O senador norte-americano Lindsey Graham, uma das figuras do Partido Republicano mais próximas do Presidente Donald Trump, foi acusado de pressionar o responsável pela certificação dos resultados eleitorais no estado da Georgia a invalidar votos legais.

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O senador norte-americano Lindsey Graham, uma das figuras do Partido Republicano mais próximas do Presidente Donald Trump, foi acusado de pressionar o responsável pela certificação dos resultados eleitorais no estado da Georgia a invalidar votos legais.

A denúncia foi feita pelo secretário de estado da Georgia, Brad Raffensperger, um republicano de longa data que se vê agora no meio do fogo cruzado nas lutas entre o Partido Republicano e o Partido Democrata.

Como responsável máximo na Georgia pela forma como decorrem as eleições, Raffensperger ordenou uma recontagem dos votos no estado e foi acusado pelo Partido Democrata de ceder às pressões do Presidente Trump. Ao mesmo tempo, foi acusado de incompetência pelo Partido Republicano, que o acusa de ter permitido a validação de boletins de voto ilegais.

Numa entrevista ao jornal Washington Post, o responsável disse que o senador Graham lhe telefonou na sexta-feira passada e que lhe perguntou se tinha poderes para invalidar todos os boletins de voto em alguns condados da Georgia – os que registaram uma maior incidência de problemas com as assinaturas dos eleitores.

“Parecia que o objectivo dele era mesmo esse”, disse Brad Raffensperger, quando questionado sobre se interpretou as perguntas do senador Lindsey Graham como uma pressão para invalidar votos já contados e submetidos de acordo com a lei.

Em resposta, Graham disse que a interpretação feita por Raffensperger é “ridícula” e garantiu que telefonou ao secretário de estado da Georgia sem o conhecimento de Trump.

“Se ele se sente ameaçado pela nossa conversa, então tem um problema”, disse o senador da Carolina do Sul. “Eu fiquei mesmo a pensar que tivemos uma boa conversa.”

Raffensperger disse também que tem recebido ameaças de morte, enviadas por pessoas que acreditam nas acusações infundadas do Presidente Trump e do Partido Republicano de que houve fraude eleitoral na Georgia e noutros estados em que o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, foi o mais votado.

O republicano afirma que a contagem manual dos votos, que está em curso, vai confirmar os resultados da contagem feita na noite eleitoral pelas máquinas. E avisa o seu partido para os perigos de se questionar o processo eleitoral no seu estado – no dia 5 de Janeiro, vão estar em jogo duas votações que são essenciais para a manutenção da maioria republicana no Senado, e Raffensperger teme que muitos eleitores se recusem a votar por acreditarem que o processo está viciado.