E depois do confinamento físico, a escola confinada às salas de aula!

Tem sido priorizada a aquisição e consolidação de aprendizagens essenciais, contudo, as relações sociais e afetivas na escola não podem ser descuradas, porque delas (também) depende o sucesso académico.

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Daniel Rocha

O início deste ano letivo significou para as comunidades educativas a assimilação de uma nova e condicionada realidade escolar, acarretando acrescidos desafios não só ao nível do paradigma educativo, da organização e funcionamento escolares, mas também ao nível do funcionamento socioemocional de alunos, professores e restantes agentes educativos.

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O início deste ano letivo significou para as comunidades educativas a assimilação de uma nova e condicionada realidade escolar, acarretando acrescidos desafios não só ao nível do paradigma educativo, da organização e funcionamento escolares, mas também ao nível do funcionamento socioemocional de alunos, professores e restantes agentes educativos.

Na teoria, a pandemia parece ter lançando uma excelente oportunidade para se repensar e encetar mudanças, há muito apregoadas pelos especialistas como prementes no campo da educação. Na prática, o confinamento que, de março a junho, empurrou alunos e professores para as salas virtuais, foi transferido em setembro para as salas de aula, condicionando bastante, ao que nos é possível apreender, a operacionalização desta oportunidade. Alunos, professores e famílias sabiam, antecipadamente, que este regresso à escola seria pautado por muitas mudanças, ainda que (in)constantes, perspetivando fazer face a esta realidade multidesafiante. Decisores políticos e líderes das escolas, por sua vez, em prol da máxima segurança e da prevenção da propagação pandémica, acresceram à sempre desafiante preparação do arranque de ano letivo, a árdua tarefa de definir e planificar, com base nas recomendações internacionais, muitas das mudanças. Nestas inclui-se novo mapeamento dos contextos escolares, operacionalizado num conjunto de sinaléticas que, quando logisticamente concretizável, conduzem, com distância de segurança, os alunos de cada turma a uma espécie de confinamento em sala de aula.

Num recente artigo publicado pela Unesco, esclarece-se que o distanciamento físico “não exclui necessariamente a conexão social”. É um facto que a comunidade educativa está mais próxima fisicamente, mas a sua conexão social está condicionada.

Tem sido priorizada a aquisição e consolidação de aprendizagens essenciais, contudo, as relações sociais e afetivas na escola não podem ser descuradas, porque delas (também) depende o sucesso académico.

Apesar de a maioria das crianças e adolescentes parecer estar a conseguir lidar de forma adaptativa com as limitações e exigências impostas pela situação que vivemos, é também, um facto, que o distanciamento físico está a impactar a forma como estas experienciam a dimensão mais afetiva da escola.

Em março, quando todos confinámos, no âmbito do Projeto ACT estávamos prestes a implementar um programa de intervenção para promover competências socioemocionais e estimular as relações positivas e significativas entre os jovens. Surgem, agora, novas inquietações: As prioridades em termos de competências serão as mesmas que em março, face ao distanciamento físico agora imposto? Quais as dimensões socioemocionais a privilegiar? Os estudos que nos chegam deste período de confinamento indicam que há um caminho a percorrer na promoção destas competências, pese embora o impacto multifacetado desta pandemia esteja, ainda, no desconhecido!

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