Candidata pró-União Europeia vence presidenciais na Moldávia
Maia Sandu prometeu combater a corrupção e aproximar o país da União Europeia, duas bandeiras que lhe permitiram derrotar o Presidente Igor Dodon, apoiado pelo Kremlin. Líderes europeus esperam aprofundar ligação.
Maia Sandu, antiga primeira-ministra e candidata da oposição, venceu as eleições presidenciais na Moldávia com 57,7% dos votos, derrotando o Presidente Igor Dodon, que não foi além dos 42.3%, numa altura em que estão contados mais de 99% dos votos.
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Maia Sandu, antiga primeira-ministra e candidata da oposição, venceu as eleições presidenciais na Moldávia com 57,7% dos votos, derrotando o Presidente Igor Dodon, que não foi além dos 42.3%, numa altura em que estão contados mais de 99% dos votos.
Sandu, do Partido Acção e Solidariedade, assegurou a vitória na segunda volta das eleições, alargando significativamente a vantagem de quatro pontos em relação a Dodon que conseguiu há duas semanas, quando obteve 36%.
O Presidente Igor Dodon disse esta segunda-feira que está disposto a aceitar a derrota caso o Tribunal Constitucional, que tem de aprovar os resultados, não encontre quaisquer irregularidades. Os resultados finais devem ser divulgados nos próximos cinco dias.
A vitória de Sandu, 48 anos, que desempenhou o cargo de primeira-ministra durante cinco meses em 2019, significa uma aproximação da Moldávia à União Europeia – umas das promessas de campanha da economista que trabalhou no Banco Mundial era reforçar os laços do país com Bruxelas, assim como combater a corrupção.
“Os moldavos precisam de um Estado que não roube, mas que proteja os cidadãos”, disse Sandu esta segunda-feira, citada pela Reuters. “A Moldávia deve ser um bom lar para todos os cidadãos, independentemente da nacionalidade ou do idioma que falem”, acrescentou a Presidente eleita.
A notícia da vitória da candidata europeísta foi recebida com entusiasmo em Bruxelas, com vários líderes europeus a felicitarem a Presidente eleita e a demonstrarem disponibilidade para aprofundar as ligações com a Moldávia.
“A sua vitória é uma mensagem clara para combater a corrupção e restaurar o respeito pelo Estado de direito – o caminho para um futuro próspero. A UE está pronta para apoiar a Moldávia”, afirmou no Twitter Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
No mesmo sentido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a “UE está pronta para intensificar a parceria estreita” com a Moldávia. “O povo moldavo escolheu claramente um rumo que dá prioridade à justiça, ao verdadeiro combate contra a corrupção e a uma sociedade mais justa”, afirmou Michel.
Derrota para a Rússia
Por outro lado, a eleição de Sandu é também uma derrota para a Rússia, que apoiou abertamente o Presidente Igor Dodon, tendo o Presidente russo, Vladimir Putin, apelado aos moldavos para votarem no candidato pró-Kremlin.
Numa altura em que vários governos de antigas repúblicas soviéticas enfrentam grande contestação, como é o caso da Bielorrússia, Moscovo pretendia manter a Moldávia sob a sua esfera de influência.
No entanto, apesar da derrota de Dodon, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, felicitou Sandu pela vitória e demonstrou vontade em trabalhar de perto com a Presidente eleita.
Em 2016, Maia Sandu foi derrotada por Igor Dodon por uma diferença inferior a cinco pontos, numas eleições que ficaram marcadas por acusações de fraude, o que levou a candidata da oposição, antes de votar no domingo, a pedir “vigilância máxima” aos seus apoiantes.
Para assegurar a vitória na segunda volta das presidenciais, Maia Sandu, a primeira mulher a ser eleita Presidente da Moldávia, contou com um aumento da participação eleitoral – votaram mais de 52% dos moldavos, mais dez pontos do que na primeira volta –, particularmente dos moldavos na diáspora, que se mobilizaram em torno da antiga primeira-ministra.
Sandu terá pela frente a difícil tarefa de unir um país bastante dividido, em que parte defende uma maior aproximação à União Europeia, particularmente à vizinha Roménia, e outra que é defensora de uma relação estreita com a Rússia.
Além disso, a Moldávia, com 3,5 milhões de habitantes, é um dos países mais pobres da Europa, com uma economia frágil e uma corrupção sistémica.