Maioria das bolachas e dos cereais de pequeno-almoço tem açúcar e sal acima do recomendado
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge analisou 594 bolachas e 167 cereais de pequeno-almoço. Investigadores concluíram que “98,3% das bolachas e 89,2% dos cereais de pequeno-almoço estavam rotulados com teores de sal e/ou açúcar superiores aos desejáveis”.
A maioria das bolachas e dos cereais de pequeno-almoço tem níveis de açúcar e sal acima do recomendado pela Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS). Dos produtos analisados no ano passado por uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), “98,3% das bolachas e 89,2% dos cereais de pequeno-almoço estavam rotulados com teores de sal e/ou açúcar superiores aos desejáveis”.
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A maioria das bolachas e dos cereais de pequeno-almoço tem níveis de açúcar e sal acima do recomendado pela Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS). Dos produtos analisados no ano passado por uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), “98,3% das bolachas e 89,2% dos cereais de pequeno-almoço estavam rotulados com teores de sal e/ou açúcar superiores aos desejáveis”.
A EIPAS, que envolve vários ministérios, entrou em vigor a 30 de Dezembro de 2017 e já levou à assinatura de acordos com a indústria alimentar e de distribuição para a reformulação de vários alimentos, com o objectivo de reduzir o sal e o açúcar dos mesmos. As metas definidas para este ano estabeleciam teores máximos de açúcar de 5g/100g para alimentos sólidos e teores máximos de sal de 0,2g/100g para sopas e pratos principais e de 0,3g/100g para os restantes alimentos.
A ingestão em excesso de sal e açúcar está associada a doenças com grande prevalência em Portugal, como o excesso de peso e obesidade e hipertensão. O último Inquérito Alimentar Nacional e de Actividade Física (2015-2016) revelou um consumo médio nacional de açúcares simples de 84 gramas por dia e 7,4 gramas de sal por dia.
Para este trabalho, os investigadores do Departamento de Alimentação e Nutrição do Insa usaram a informação constante dos rótulos disponibilizados online por duas cadeias de supermercados. A recolha de dados ocorreu durante 2019 e foram analisados um total de 594 bolachas e 167 cereais de pequeno-almoço.
As medianas de valores encontrados para as bolachas foram de 25g/100g para o açúcar e de 0,7g/100g para o sal. Já nos cereais de pequeno-almoço, as medianas foram de 21g/100g para o açúcar e de 0,5g/100g para o sal. Ou seja, em ambos os produtos, e quer para o açúcar como para o sal, os valores estavam acima do recomendado.
Resultados analisados, apenas 113 (19%) das bolachas analisadas cumprem a recomendação da EIPAS de teor máximo de açúcar de 5g/100g. E só 77 bolachas (13%) o fazem em relação aos valores máximos recomendados para a quantidade de sal. No caso dos cereais de pequeno-almoço, 25 (15%) estão dentro do valor recomendado de açúcar e 63 (37,7%) fazem-no em relação ao teor máximo de sal.
Ainda mais pequeno é o número de bolachas e de cereais de pequeno-almoço que cumprem em simultâneo os teores máximos de açúcar e de sal recomendados pela EIPAS. No caso das bolachas, são “apenas 10 (1,7%)” e, nos cereais, “apenas 18 (10,8%)”, refere o estudo publicado no Boletim Epidemiológico Observações. Porém, “demonstra que é possível atingir as metas propostas, pelo menos para algumas subcategorias destes produtos, e que é desejável uma reformulação progressiva pela indústria, tendo em consideração o elevado consumo destes alimentos”, destacam os investigadores.
Melhoria nos iogurtes, leites e refrigerantes
No boletim é publicado um outro estudo, realizado pela mesma equipa do Insa, que avaliou o teor de açúcar de iogurtes sólidos e líquidos, leites aromatizados e refrigerantes. À semelhança da outra análise, também nesta os dados foram recolhidos em sites das principais cadeias de distribuição alimentar durante 2019.
Do total de 305 iogurtes sólidos avaliados, “55 apresentaram teores de açúcar total (rotulado) de acordo com as recomendações da EIPAS para 2020, de 5g/100g”, refere o documento. A mediana de açúcar das amostras foi de 11,5g/100g. Quanto aos iogurtes líquidos, a mediana de açúcar dos 208 analisados foi de 11g/100g. Mas, neste caso, porque a informação nutricional é rotulada por 100g, não foi possível compará-la com os 2,5g/100 ml recomendado como teor máximo de açúcar pela EIPAS.
Apesar dos valores não serem perfeitos em muitos dos produtos analisados, a boa notícia é que as medianas de açúcar por 100 gramas registadas agora são inferiores às detectadas no estudo de 2018, “o que revela um esforço da indústria no sentido da redução”. Nos 31 leites aromatizados avaliados, “a mediana foi de 9,3g/100ml e o valor mínimo observado correspondeu a 4,1g/100ml, encontrando-se ainda acima do valor desejado de 2,5g/100ml”.
Quantos aos 169 refrigerantes considerados no estudo, “a mediana para o teor de açúcar foi de 4,5g/100ml, verificando-se que 47 cumprem as recomendações (2,5g/100ml)”. “Nesta categoria, verificou-se que nos produtos com baixo teor de açúcar este componente foi parcial ou totalmente substituído por adoçantes”, salienta o estudo, no qual se recomenda que se possam fazer “novos estudos que avaliem o impacto do aumento da exposição/consumo de adoçantes, atendendo aos limites máximos admissíveis”.
Os investigadores consideram que “o esforço para a redução do teor de açúcar adicionado terá que continuar, especialmente para as categorias dos iogurtes, o que evidencia a colaboração da indústria alimentar na melhoria dos produtos destas categorias que disponibiliza ao consumidor”. Também nos refrigerantes a mediana apurada “indica a necessidade de a indústria baixar este valor para se atingir a meta da EIPAS”.