Adiada para 2029 partida da missão Ariel com participação portuguesa
O lançamento da missão está agora agendado para um ano depois do inicialmente previsto.
O lançamento da missão europeia Ariel, para caracterização das atmosferas de planetas extra-solares, e na qual Portugal participa, foi adiado para 2029, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA), ao mesmo tempo que confirmou que a missão avançará.
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O lançamento da missão europeia Ariel, para caracterização das atmosferas de planetas extra-solares, e na qual Portugal participa, foi adiado para 2029, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA), ao mesmo tempo que confirmou que a missão avançará.
A Ariel, que prevê o envio de um telescópio para o espaço, foi seleccionada em 2018 pela ESA como uma das missões científicas de “classe média”. Na altura, a data de lançamento prevista era 2028.
A ESA confirmou na quinta-feira a adopção da missão em reunião do Comité do Programa Científico, remetendo o seu lançamento para 2029, de acordo com um comunicado divulgado pela agência espacial, que acrescenta que o consórcio que irá construir o telescópio será escolhido no Verão de 2021.
Portugal participa cientificamente na missão Ariel através do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), no qual o astrofísico Pedro Machado assume a coordenação da delegação nacional. O IA realça que se trata da primeira missão da ESA “dedicada à medição da composição química e das propriedades térmicas” da atmosfera de cerca de mil planetas fora do nosso sistema solar gasosos e rochosos, “desde os extremamente quentes até aos temperados”.
Em declarações anteriores à agência Lusa, Pedro Machado, especialista no estudo de sistemas planetários, disse que a missão pode significar “uma disrupção na forma de olhar para o Universo”, uma vez que se vai focar na atmosfera de exoplanetas com condições de ter água líquida à sua superfície. A água é um elemento fundamental para a vida tal como se conhece.
Pedro Machado adiantou que vão ser também procurados “elementos químicos em desequilíbrio” nas atmosferas desses planetas extra-solares, e que são considerados biomarcadores da vida, como oxigénio, metano, amoníaco, ozono ou monóxido de carbono.
O IA vai ainda colaborar na construção de modelos de atmosferas planetárias que possam “ajudar na interpretação” da informação recolhida e “nas estratégias de observação dos exoplanetas”, indicou o cientista. O IA, ao qual a ESA endereçou um convite para integrar a Ariel, irá igualmente construir componentes de instrumentação e testá-los. Outros componentes serão construídos numa parceria a estabelecer entre o IA e a indústria espacial portuguesa.
O telescópio, que irá operar nos comprimentos de onda de luz visível e infravermelha, será lançado no espaço no novo foguetão europeu Ariane 6, a partir do centro espacial da ESA em Kourou, na Guiana Francesa.
A missão, que terá uma duração inicial de quatro anos, irá estudar também os sistemas de nuvens e as variações atmosféricas sazonais e diárias de um determinado número de planetas.
A bordo do Ariane 6 seguirá também uma sonda que vai procurar interceptar pela primeira vez um cometa primitivo, inalterado pela radiação do Sol, para obter respostas sobre a origem da vida na Terra. Nesta missão europeia, a Comet Interceptor, participa a astrobióloga portuguesa Zita Martins, que vai analisar os dados que forem recolhidos.