“Fake”. Ventura nega ter defendido o casamento gay
O líder e deputado do Chega afirmou que os casais homossexuais “não podem deixar de ter” os mesmos direitos que os casais heterossexuais, mas não esclarece de que direitos fala.
André Ventura, líder e fundador do Chega negou este domingo ter defendido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. As declarações do deputado no Twitter surgiram depois de a agência Lusa ter publicado uma entrevista a Ventura e representam um recuo em relação à resposta dada pelo líder do Chega quando questionado sobre os direitos entre pessoas do mesmo sexo.
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André Ventura, líder e fundador do Chega negou este domingo ter defendido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. As declarações do deputado no Twitter surgiram depois de a agência Lusa ter publicado uma entrevista a Ventura e representam um recuo em relação à resposta dada pelo líder do Chega quando questionado sobre os direitos entre pessoas do mesmo sexo.
Na sua publicação, André Ventura reconhece que falou “de direitos que as pessoas homossexuais não podem deixar de ter”, mas não diz quais e nega ter dito ser a favor do casamento homossexual.
Apesar de na entrevista reconhecer que tem diferentes pontos de vista em relação à base de apoio do partido, nomeadamente em relação ao aborto (sobre o qual defende a despenalização), Ventura diz que as incongruências entre as posições do líder e o programa partidário do partido apontadas são “um ataque” ao Chega.
Quando questionado pela Lusa sobre o que sentiria se o seu filho fosse homossexual e casasse “nos mesmos termos em que casam outras pessoas”, Ventura disse concordar com exactamente os mesmos direitos atribuídos a uma união entre um homem e uma mulher, apesar de respeitar que “a maior parte do partido tenha outra [posição] e entenda que o casamento não deva existir exactamente nos mesmos termos”. “A minha posição pessoal é a de que um casal de homens ou de mulheres não devem ter menos direitos do ponto de vista da sua presença na sociedade do que um casal homem-mulher.”
Ventura afastou ainda qualquer simpatia relativamente ao regime do Estado Novo ou saudosismo pelo ditador Salazar (mas, segundo a Lusa, os seus assessores fizeram questão de retirar das estantes os livros sobre Salazar, para que não ficassem registados nas imagens da entrevista).
“Não é preciso Salazar nenhum em esquina nenhuma”, mas antes uma IV República, defendeu na entrevista, onde deixou críticas ao ditador. “A maior parte do tempo, também não resolveu [os problemas do país] e atrasou-nos muitíssimo em vários aspectos. Não nos permitiu ter o desenvolvimento que poderíamos ter tido, sobretudo no quadro do pós-II Guerra Mundial. Portugal poder-se-ia ter desenvolvido extraordinariamente e ficámos para trás, assim como os espanhóis”, afirmou. E acrescentou que “não é preciso um Salazar em cada esquina, é preciso é um André Ventura em cada esquina”.