Um momento de publicação independente: Ultra Violenta
Fanzines, edições de autor, livros de artista — nesta rubrica queremos falar de publicação independente. Miguel Correia apresenta Ultra Violenta.
Apresenta-nos a tua publicação.
Ultra Violenta é um fanzine artístico, fundado e editado em Portugal pelo director de arte Miguel Correia nos inícios deste surpreendente ano de 2020.
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Apresenta-nos a tua publicação.
Ultra Violenta é um fanzine artístico, fundado e editado em Portugal pelo director de arte Miguel Correia nos inícios deste surpreendente ano de 2020.
Quem são os autores?
Este projecto de exploração visual e conceptual congrega diversos artistas, sobretudo de Portugal, mas também de outras partes do mundo (Croácia, Reino Unido, Argentina, Itália, Polónia, Espanha, etc.). Este colectivo é, até ao momento, composto por 36 artistas e é de prever que até à edição número 12 do fanzine sejam aproximadamente 50. São eles Miguel Correia, Joana de Matos, João Tiago Fernandes, Nélia Costa, Vasco Cardoso, Inês de Carvalho, Pedro Marques (Piteko), Vera Barbosa, Nevio Buzov, Isabel Nunes, João Cláudio Larraz, Ana Calisto, Marcelo Ribeiro, Luísa Maria Benito, Joseph Simão, Lara Teang, Luís Miguel Delgado, Arianna Picoli, Álvaro (Alph) Ferreira, Kali Kali, Ogata Tetsuo, Raquel Barrocas, Nuno Freire, Anna Klos, Elias Marques, Lydia Swinney, Sérgio Correia, Jorge Tavares, Mariana Fidalgo, André Silva, Joana Franco, Andreia Castro, Tiago Verdade, Mara Pereira, Diogo Lopes e Raka Gomez.
Do que quiseste falar?
Estão actualmente publicados oito números, o nono está em preparação. Cada um tem um tema e integra um conjunto de quatro a cinco artistas de várias áreas, que fazem a sua interpretação do tema atribuído. A cada edição é também atribuída a cada um uma folha colorida previamente intervencionada com algumas texturas para criar uma linha condutora editorial e incentivar o início do processo. Além desta folha e do tema, não há condicionantes nem briefing adicional.
O fanzine Ultra Violenta pretende incentivar esta forma de expressão artística e envolver os artistas que nela participam num processo criativo de partilha e experimentação. Habitualmente são explorados temas que podem sugerir mais que uma interpretação e que são também, de alguma forma acutilantes. Por ordem de publicação, de Fevereiro a Outubro, os temas já abordados foram: Comer, Sonho, Pandemia, Mutante, Veneno, Cicatriz, Vício, Esqueleto e Reflexo. Os resultados têm-se demonstrado muito expressivos, com um registo visual que se pode relacionar com a cultura punk e grunge, com a cultura urbana do graffiti e também com os manifestos do movimento artístico dadaísta.
Questões técnicas: quais os materiais usados, quantas páginas tem, qual a tiragem e que cores foram utilizadas?
Tem 20 a 24 páginas e formato A5. A impressão é print on demand, laser glossy couche, 120gsm, stapled.
Onde está à venda e qual o preço?
Os vários números do fanzine estão à venda em fanzine.pt. Este site, além de ser principalmente sobre o Ultra Violenta, também dá destaque a diversas edições independentes e de autor.
Porquê fazer e lançar publicações hoje em dia?
Este projecto leva-nos até à era pré-digital, em que os fanzines eram o meio preferencial de divulgação para artistas, bandas musicais, fotógrafos, escritores e ilustradores. Uma época em que a informação era escassa e a melhor forma de afirmar uma ideologia ou convicção era este tipo de publicações, que se caracterizavam por serem produzidas com meios simples, sobretudo auto-publicadas, utilizando um processo de mixed-media, com recurso a fotografia, recortes, desenho, colagens e também fazendo uso da icónica expressividade dos fotocopiadoras xerox e da risografia. Tudo isto como forma de criação de um novo meio de divulgação artística que as pessoas podiam partilhar e através do qual podiam afirmar e debater opiniões. Desta forma podemos comparar as possibilidades de expressão de um registo por meios digitais em contraponto com recursos analógicos que trazem resultados bastante mais expressivos e com um carisma particular.
Recomenda-nos uma edição de autor recente lançada em Portugal.
Recomendo o projecto conjunto de João Oliveira e Guilherme Ferrugento chamado Spooky Action at a Distance I.