Agentes israelitas mataram o número dois da Al-Qaeda em Agosto

O New York Times avança que as autoridades iranianas encobriram esta morte e que nem a Administração Trump nem Israel assumiram publicamente a responsabilidade.

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Ataque a uma embaixada dos EUA em Nairobi, Quénia REUTERS

O número dois no comando da Al-Qaeda, acusado de ajudar a arquitectar os atentados de 1998 contra duas embaixadas dos Estados Unidos em África, foi morto no Irão em Agosto por agentes israelitas a mando dos Estados Unidos, noticia o The New York Times, que cita fontes dos Serviços Secretos. Nem Israel nem os EUA confirmam a morte. O Irão diz que não existem terroristas no país.

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O número dois no comando da Al-Qaeda, acusado de ajudar a arquitectar os atentados de 1998 contra duas embaixadas dos Estados Unidos em África, foi morto no Irão em Agosto por agentes israelitas a mando dos Estados Unidos, noticia o The New York Times, que cita fontes dos Serviços Secretos. Nem Israel nem os EUA confirmam a morte. O Irão diz que não existem terroristas no país.

Abdullah Ahmed Abdullah, conhecido como Abu Muhammad al-Masri, foi baleado por dois homens numa motocicleta nas ruas de Teerão, a 7 de Agosto de 2020. O assassínio de Masri, que era considerado um possível sucessor do líder do grupo Ayman al-Zawahiri, foi mantido em segredo, diz o jornal.

Uma fonte dos serviços de segurança afegãos disse à Reuters em Outubro que Masri, que há muito tempo está na lista dos terroristas mais procurados pelo FBI, foi morto na área de Pasdaran, em Teerão, mas a agência não conseguiu confirmar essa informação na altura.

As autoridades dos EUA estavam a tentar localizar Masri e outros membros da Al-Qaeda no Irão há vários anos, disse o jornal, mas não é claro qual papel dos Estados Unidos no assassinato do militante egípcio. A Al-Qaeda não anunciou a morte do seu número dois, as autoridades iranianas encobriram-na e nenhum governo assumiu publicamente a responsabilidade, diz ainda o Times.

O Irão já negou a notícia, afirmando que não existem “terroristas” da Al-Qaeda nos seus territórios. O porta-voz da diplomacia iraniana, Saeed Khatibzadeh, disse num comunicado que os Estados Unidos e Israel “tentam muitas vezes ligar o Irão a estes grupos, mentindo e divulgando informações falsas aos meios de comunicação para evitar assumir a responsabilidade pelas actividades criminosas deste grupo e de outros grupos terroristas”. “A táctica assustadora da Administração Trump contra o Irão já se tornou rotina”, disse Khatibzadeh.

Um alto funcionário dos EUA, que falou à Reuters em condição de anonimato, recusou-se a confirmar qualquer pormenor da notícia do Times ou a dizer se existiu qualquer envolvimento dos EUA. O Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário. O gabinete do primeiro-ministro de Israel também disse que não ia comentar a notícia.

Israel já tinha dito em ocasiões anteriores que os serviços secretos do país haviam entrado em território iraniano nos últimos anos. Em 2018 disseram mesmo que tinham encontrado um suposto arquivo de segredos nucleares iranianos.

Masri, um dos fundadores da Al-Qaeda, foi morto juntamente com a sua filha, que era viúva do antigo líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, que orquestrou os ataques do 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos e foi morto numa operação de tropas dos EUA no Paquistão, em 2011.

Masri estava sob a “custódia” do Irão desde 2003, mas vivia livremente num subúrbio de luxo de Teerão desde 2015, avança ainda o jornal norte-americano, citando autoridades não identificadas dos serviços secretos dos EUA.

Não se sabe se a morte de Masri teve ou terá algum impacto nas actividades da Al-Qaeda. Mesmo tendo perdido vários dos seus principais líderes nas quase duas décadas desde os ataques do 11 de Setembro nos EUA, o grupo manteve sempre afiliados activos desde o Oriente Médio à África Ocidental.