Novo Banco agrava prejuízos em 280 milhões até Setembro

Reestruturação, descontinuação da actividade em Espanha, provisões adicionais e impacto da pandemia elevaram resultados líquidos negativos consolidados a 853,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano

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Diogo Ventura

O Novo Banco encerrou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido, após interesses minoritários, negativo de 853,1 milhões de euros, uma degradação de 280,8 milhões de euros face a um ano antes, quando os prejuízos estavam nos 572, 3 milhões de euros.

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O Novo Banco encerrou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido, após interesses minoritários, negativo de 853,1 milhões de euros, uma degradação de 280,8 milhões de euros face a um ano antes, quando os prejuízos estavam nos 572, 3 milhões de euros.

Em comunicado ao mercado, divulgado esta sexta-feira através do site da CMVM, o banco liderado por António Ramalho salienta que teve um resultado positivo de 98,2 milhões de euros (o que compara com 140,1 milhões de euros um ano antes), no que classifica de Novo Banco recorrente, “que inclui toda a actividade bancária core” da instituição, por oposição a Novo Banco Legacy, da herança do BES.

Na comunicação, a administração do Novo Banco explica que “os resultados e actividade do grupo Novo Banco, nos primeiros nove meses de 2020, foram condicionados pelos efeitos do contínuo processo de reestruturação, desinvestimento de ativos legacy, descontinuação do negócio em Espanha, as provisões adicionais dos activos não produtivos (em especial, neste trimestre, para activos internacionais) e do impacto da pandemia covid-19, com o resultado líquido a situar-se em -853,1 milhões de euros”. O resultado da actividade legacy foi de -835,2 milhões de euros, acrescenta.

As imparidades para riscos de crédito e garantias (incluindo instituições de crédito) aumentaram 627,2 milhões de euros no período, com o “consequente abrandamento da actividade bancária e volatilidade dos mercados” a levar “ao agravamento do custo do risco”.

É esperado pela gestão lidera por António Ramalho que o nível de provisionamento se mantenha elevado no próximo trimestre, até porque as “imparidades adicionais para riscos de crédito e títulos decorrentes da pandemia covid-19 totalizaram 195,1 milhões (dos quais 152 milhões de euros calculados numa base coletiva)” até o final do terceiro trimestre.

O resultado operacional core recorrente (produto bancário comercial-custos operativos) evoluiu para 256,5 milhões de euros (mais 6,9%), “resultado do efeito combinado da melhoria do produto bancário comercial (mais 1,4%), apesar do actual contexto de pandemia que afectou desfavoravelmente o comissionamento”, e da redução dos custos operativos (-2,7%).

O produto bancário comercial recorrente atingiu mais 568,2 milhões de euros, com um crescimento de mais 1,4% face aos primeiros nove meses de 2019, “impulsionado pelo crescimento da margem financeira que subiu para 372,8 milhões”, ou 9,3%, no período em análise.

O crédito a clientes recorrente cresceu 5,3% face ao terceiro trimestre de 2019, “confirmando a tendência do ano anterior”.

Houve uma redução do activo da actividade legacy em 34,2% (ou 1767 milhões de euros) face ao período, “com reflexo em todas as categorias de activos, incluindo crédito a clientes” e imóveis (-35,1% ou 355 milhões de euros.

Em 30 de Setembro de 2020, o rácio de NPL da actividade recorrente situou-se nos 3,1% (era de 5,6% em Setembro de 2019).