Exportações ficaram 15% abaixo do nível pré-crise no terceiro trimestre
INE reviu ligeiramente em alta os valores da variação do PIB no terceiro trimestre. Tanto na procura interna como na procura externa, a retoma está ainda longe de permitir um regresso aos níveis do passado
Apesar de terem recuperado durante o terceiro trimestre do ano, as exportações de bens e serviços portuguesas continuaram a um nível mais de 15% abaixo do verificado antes da crise, constituindo um dos motivos para a persistência de perdas na actividade económica do país.
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Apesar de terem recuperado durante o terceiro trimestre do ano, as exportações de bens e serviços portuguesas continuaram a um nível mais de 15% abaixo do verificado antes da crise, constituindo um dos motivos para a persistência de perdas na actividade económica do país.
Na segunda estimativa para as contas nacionais do terceiro trimestre deste ano, o Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu ligeiramente em alta os resultados que tinha apresentado há duas semanas. A economia portuguesa cresceu, depois da queda a pique registada na primeira metade do ano, 13,3% no período entre Julho e Setembro deste ano, uma recuperação que ainda assim não chegou para evitar que a variação do PIB em relação ao período homólogo do ano passado continuasse em terreno negativo: -5,7%.
Há 15 dias, na primeira estimativa realizada, o INE tinha apontado para um crescimento em cadeia no terceiro trimestre de 13,2% e uma variação homóloga negativa de 5,8%, um desempenho ligeiramente menor do que o agora contabilizado.
Na estimativa publicada esta sexta-feira, são ainda apresentados mais detalhes sobre o comportamento das diversas componentes do PIB. Tanto ao nível da procura externa (exportações menos importações) como da procura interna (consumo e investimento privados e públicos), a tendência foi a mesma: depois da queda abrupta dos meses anteriores, registou-se uma recuperação no terceiro trimestre à medida que as medidas do confinamento foram sendo aliviadas, mas a retoma não foi o suficiente para se regressar aos níveis do passado.
No caso das exportações, aquilo que aconteceu foi que, depois de quedas de 6,7% e de 37% no primeiro e segundo trimestres, registou-se no terceiro trimestre um crescimento de 38,8%. Isso não chega, no entanto, para ficar perto dos níveis pré-pandemia. Comparando com o valor das exportações no período homólogo, a queda das exportações é ainda de 15,2% e relativamente ao quarto trimestre de 2019 (o último sem os efeitos da pandemia) a perda registada é de 18,4%.
Esta dificuldade das exportações regressarem ao nível do passado sente-se sobretudo ao nível dos serviços, sinaliza o INE, que diz que a recuperação do terceiro trimestre acontece “devido em grande medida à evolução das exportações de bens, uma vez que as de serviços mantiveram reduções expressivas”. Entre as exportações de serviços encontram-se as relacionadas com o sector do turismo para não residentes, um dos mais persistentemente afectados durante a presente crise.
A evolução das exportações tem sido mais negativa que a das importações, onde a variação homóloga se situa agora em -11,6%, o que significa que o contributo da procura externa para a evolução do PIB está a ser negativo.
Do lado da procura interna, depois de quedas de 1,8% e de 10,8% nos primeiro e segundo trimestres, registou-se no terceiro trimestre um crescimento de 10,1%, o que significa que se continua a um nível 4,1% abaixo do registado em igual período do ano anterior. O INE não divulga ainda dados relativos à evolução do consumo privado, investimento e consumo público, algo que apenas acontecerá no próximo dia 30 de Novembro.