Dezenas de migrantes morrem em naufrágio na costa da Líbia
Os corpos das 74 pessoas deram à costa, enquanto outras 47 foram resgatadas por autoridades costeiras e pescadores. Este ano já morreram 900 pessoas no Mediterrâneo, diz a OIM, que pede uma intervenção na Líbia contra a detenção de refugiados.
Pelo menos 74 pessoas morreram em mais um naufrágio no Mediterrâneo, numa viagem trágica a caminho da Europa. Os corpos dos migrantes deram à costa esta quinta-feira. As autoridades costeiras e pescadores conseguiram resgatar 47 pessoas que foram levadas de volta para a Líbia.
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Pelo menos 74 pessoas morreram em mais um naufrágio no Mediterrâneo, numa viagem trágica a caminho da Europa. Os corpos dos migrantes deram à costa esta quinta-feira. As autoridades costeiras e pescadores conseguiram resgatar 47 pessoas que foram levadas de volta para a Líbia.
Segundo um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a embarcação levava mais de 120 pessoas, entre elas várias crianças.
Foi o terceiro naufrágio no espaço de dois dias, tragédias em alto mar que fizeram 90 mortes. Na quarta-feira, um grupo de migrantes tentou a travessia para a Europa numa embarcação frágil - conta o The Guardian - que se virou poucas horas depois de começar viagem. A organização espanhola Open Arms conseguiu resgatar alguns destes migrantes, entre eles uma criança de seis meses que morreu a bordo do navio de resgate.
Ao jornal britânico, a Open Arms criticou a complacência das autoridades europeias, especialmente em Itália e Malta, que demoraram a actuar. “Tudo isto aconteceu a alguns quilómetros de uma Europa indiferente. Em vez de preparar um sistema de busca e resgate, continuam a enterrar as cabeças na areia, fingindo que não vêem como o Mediterrâneo se tornou num cemitério”, disse um membro da equipa médica da organização não-governamental.
Na terça-feira, outro naufrágio matou 13 pessoas. Sobreviveram 11 pessoas.
A OIM refere que, desde o dia 1 de Outubro, afundaram no mar oito embarcações com migrantes. A maioria destas embarcações partiu da Líbia, que se tornou num ponto de partida para muitos migrantes africanos.
A única ONG a resgatar migrantes nesta rota é a Open Arms, que salvou 200 pessoas em três operações esta semana.
Segundo a OIM, uma agência das Nações Unidas, em 2020 morreram 900 pessoas a tentar atravessar o Mar Mediterrâneo. Mais de 11 mil pessoas foram interceptadas por autoridades e detidas na Líbia. A ONU já alertou que muitos destes migrantes que regressam à Líbia ficam em situações muito vulneráveis e são alvos de abusos e violações de direitos humanos.
Desde Outubro, diz a OIM, 1900 pessoas foram interceptadas na Líbia e chegaram a Itália oriundas deste país do Norte de África mais de 780 migrantes.
“A OIM mantém a posição de que a Líbia não é um porto seguro para retorno [de migrantes] e reitera o apelo à comunidade internacional e à União Europeia para agirem com urgência para pôr fim ao clico de retorno e exploração”, diz o comunicado da organização.
Federico Soda, chefe da missão da OIM na Líbia, também pede que os estados do Mediterrâneo ajam para “parar os regressos à Líbia” e para “estabelecer um mecanismo de desembarque, seguido de solidariedade de outros estados. Milhares de pessoas vulneráveis continuam a pagar o preço pela inacção, tanto em terra como no mar”.