Pingo Doce volta atrás e mantém horários habituais nos supermercados

O grupo Jerónimo Martins tinha anunciado que iria antecipar a abertura da “maioria das suas lojas” Pingo Doce para as 6h30 durante os próximos dois fins-de-semana, mas acabou por voltar atrás por causa da “controvérsia” que a decisão gerou.

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Grupo diz que não desejava criar "uma controvérsia nacional" Andreia Carvalho

O grupo Jerónimo Martins já não vai antecipar a hora de abertura dos supermercados Pingo Doce para as 6h30 durante este fim-de-semana por causa da “controvérsia nacional” que a alteração de horários gerou.

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O grupo Jerónimo Martins já não vai antecipar a hora de abertura dos supermercados Pingo Doce para as 6h30 durante este fim-de-semana por causa da “controvérsia nacional” que a alteração de horários gerou.

Na quarta-feira, tinha sido anunciado que a maior parte dos supermercados Pingo Doce iam abrir mais cedo devido às limitações de circulação, para evitar a concentração de pessoas durante a manhã. Esta decisão foi criticada por vários autarcas, que se queixaram de “aproveitamento” e de regras díspares para com o comércio local.

“A alteração extraordinária de horários comunicada pelo Pingo Doce gerou uma controvérsia nacional que não esperávamos e que não desejámos. Desde o início desta pandemia, o Pingo Doce tem feito tudo o que está ao seu alcance para servir os seus clientes com a máxima segurança, protegendo simultaneamente as suas equipas de loja e de armazém”, refere a cadeia de supermercados em comunicado, emitido no final da tarde desta quinta-feira.

A Jerónimo Martins, que foi o único grupo a anunciar uma alteração de horários para o próximo fim-de-semana, altura em que estará em vigor um recolher obrigatório apertado em 121 concelhos portugueses, explica que “a intenção do Pingo Doce ao decidir antecipar a abertura era a de contribuir para evitar a concentração de clientes no período da manhã, facilitando o desfasamento das visitas numa altura em que a situação epidemiológica no país aconselha toda a prudência”. Mas perante as “múltiplas interpretações, também de implicação política, que têm vindo a ser feitas e veiculadas ao longo das últimas horas”, o grupo decidiu não alterar os horários habituais dos supermercados.

Os autarcas de Cascais e de Lisboa foram os primeiros a criticar a decisão e a não permitir a alteração de horários destes supermercados nos seus concelhos.

Carlos Carreiras, autarca de Cascais, e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, assinaram ambos um despacho para “clarificar” os horários de funcionamento dos supermercados. “Acho lamentável que tenha havido um aproveitamento por parte de cadeias comerciais num período tão difícil que exige um esforço de solidariedade e trabalho comum. Têm tentado contornar aquilo que as regras a coberto de que estão a fazer um serviço aos clientes para ir no fundo buscar um pouco mais de negócio”, disse Fernando Medina em entrevista à SIC Notícias, sublinhando que as regras serão “iguais para todos”.

Os autarcas de Vila Nova de Gaia e de Matosinhos também se chegaram à frente para dizer que iam tomar uma decisão semelhante, mas estavam ainda a aguardar pelo fim do Conselho de Ministros, que decorre durante a tarde desta quinta-feira.

A decisão do grupo empresarial também foi criticada pela coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que defendeu que o Governo devia “agir fortemente” para travar “o abuso” que representa o Pingo Doce abrir as suas lojas às 6h30 “com a desculpa da pandemia”.

Ivo Santos, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) considerou, em declarações ao PÚBLICO, que a decisão poderia “prejudicar um grande conjunto de trabalhadores, que não têm transportes públicos às horas em que vão abrir as lojas”.