Pingo Doce quer abrir mais cedo sem pagar horas extras, criticam trabalhadores
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal considera que a decisão “vai prejudicar um grande conjunto de trabalhadores, que não têm transportes públicos às horas em que vão abrir as lojas” e que “vão ser prejudicados ao nível da sua vida familiar e social”.
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) critica a decisão de alargamento do horário de funcionamento dos supermercados Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, anunciada na quarta-feira. A maioria das lojas vai abrir às 6h30 e encerrar às 22h.
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O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) critica a decisão de alargamento do horário de funcionamento dos supermercados Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, anunciada na quarta-feira. A maioria das lojas vai abrir às 6h30 e encerrar às 22h.
O dirigente do CESP, Ivo Santos, defende que, “ao abrigo do estado de emergência, o Pingo Doce aproveita para desregulamentar e desregular os horários de trabalho dos trabalhadores”. A decisão “vai prejudicar um grande conjunto de trabalhadores, que não têm transportes públicos às horas em que vão abrir as lojas” e que “vão ser prejudicados ao nível da sua vida familiar e social”, explica ao PÚBLICO.
Além disso, o CESP não vê “nenhum benefício para o combate à pandemia com este alargamento do horário de abertura dos estabelecimentos”. O sindicato tem recebido queixas de trabalhadores, que se prendem com o “horário desregulado”, o “aumento da carga de trabalho”, uma vez que “vão passar a fazer mais horas naqueles dias”, e ainda o problema dos transportes.
Alguns trabalhadores só souberam das alterações “através de informação que foi distribuída nas lojas aos clientes”, denuncia o dirigente. “Nalgumas lojas, os clientes foram informados de que a loja iria abrir mais cedo e aí é que os trabalhadores tiveram essa noção. Nem sequer foram informados nem consultados”, diz.
Ivo Santos adianta ainda que a empresa pretende que estas horas “sejam integradas no banco de horas”. “Isto vai originar que os trabalhadores vão depois usar estas horas noutros períodos, fora do fim-de-semana, noutras alturas que não terão interesse, ou então irão receber o valor de hora normal, ou seja, vão ver o seu trabalho desvalorizado”, explica.
A decisão, anunciada na quarta-feira, surgiu devido às “limitações à circulação impostas pelo estado de emergência nos próximos sábado e domingo, e tendo em conta também a possibilidade de haver restrições adicionais à circulação entre concelhos”, justificou a cadeia de supermercados numa nota enviada ao PÚBLICO. O objectivo é “contribuir para evitar a concentração de pessoas nas lojas no período da manhã”.
Já nesta quinta-feira, as câmaras de Lisboa e Cascais anunciaram que não vão permitir que os supermercados dos concelhos abram mais cedo. Os autarcas de Vila Nova de Gaia e de Matosinhos deverão tomar uma decisão semelhante.
As deslocações a mercearias e supermercados são uma das excepções na proibição de circulação na via pública nas tardes e noites dos próximos dois fins-de-semana, nos 121 concelhos com maior risco de contágio pelo novo coronavírus. O recolher obrigatório vigora entre as 23h e as 5h nos dias úteis e nos próximos dois fins-de-semana entre as 13h e as 5h.