Moody’s: Portugal entre os países que poderão ter maior “destruição económica”

Elevado número de pequenas e médias empresas, com maior dependência a financiamento e maior risco de perda de emprego cria pressão adicional sobre a economia nacional

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Nuno Ferreira Santos

A agência de rating Moody's sinalizou hoje Portugal como um dos países onde poderá haver uma “destruição económica maior”, devido à prevalência de pequenas e médias empresas (PME) na sua economia.

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A agência de rating Moody's sinalizou hoje Portugal como um dos países onde poderá haver uma “destruição económica maior”, devido à prevalência de pequenas e médias empresas (PME) na sua economia.

“Economias como a Grécia, Portugal ou a Itália, em que as pequenas empresas contabilizam uma grande parte do PIB [Produto Interno Bruto] e do emprego, vão sofrer uma destruição económica maior, dadas as ‘almofadas’ mais baixas das empresas pequenas, menores alternativas de financiamento e menores horizontes”, pode ler-se num relatório hoje divulgado pela Moody's.

O documento, intitulado “Perspectivas Mundiais dos Soberanos [Estados]” para 2021, indica que a projecção da Moody's é “negativa”, reflectindo as expetactivas da agência nos próximos 12 a 18 meses.

“A quebra generalizada devido à pandemia e as medidas adootadas pelos [Estados] soberanos para a conter criaram um choque económico, orçamental e social que durará até 2021 e depois”, segundo a Moody's.

Ainda assim, apesar da referência a Portugal, há outras economias que reagirão melhor à pandemia, como “a Coreia do Sul e os países nórdicos, com a Dinamarca, que beneficiam de forte digitalização ou tecnologias de automação”.

“No médio prazo, os [Estados] soberanos em todos os espectros de rating vão encontrar dilemas políticos desafiantes fomentados ou exacerbados pela crise. Estes incluem o desenvolvimento de estratégias de saída da actual política de apoio sem comprometer a recuperação económica”, prevê a Moody's.

A agência aponta ainda as possíveis alterações “de reformas estruturais e sociais que apoiam o crescimento a longo prazo e a coesão social” como desafios na sequência da crise.

“Em 2021, esperamos que a maioria das economias, se não todas, comecem a recuperação gradual do choque causado pela pandemia, e os governos devem continuar a reversão gradual das medidas de apoio para as famílias e as empresas”, pode ler-se no documento.

No entanto, a agência adverte que “nenhuma acção irá fazer mais do que parar, e em alguns casos simplesmente abrandar, a erosão das finanças governamentais, que estarão bem mais fracas depois da crise do que anteriormente”.

Apesar de prever uma melhoria dos défices mundiais em 2021, a agência de notação financeira sinaliza que estes irão ainda “levar os níveis de dívida dos governos a recordes em 2021”.

A Moody's prevê um crescimento global de 5% em 2021, depois de uma contracção de 4% em 2020, uma previsão sujeita a riscos, como por exemplo de novos confinamentos.

“Um risco subsequente é o de uma recessão nos balanços, em que as empresas e as pessoas pagam as dívidas em vez de gastar ou investir. Este risco é maior em países com sectores privados não bancários altamente endividados e em governos com constrangimentos orçamentais”, alerta a agência.

Também as perspectivas para o sector bancário estão sujeitas a riscos, que reflectem “as condições de operação enfraquecidas, particularmente em setores-chave como a restauração e o retalho, leve a uma deterioração na performance dos empréstimos e dos lucros, e potencialmente minar a confiança nos bancos, como visto em anteriores crises”.