Kamala Harris: “Novo dia para a América”

A vice-presidente eleita pôs as coisas neste termo: a democracia dos Estados Unidos estava em perigo e os americanos responderam e escolheram um homem que acredita na “esperança, unidade, decência, ciência e, sim, verdade” - Joe Biden.

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Kamala Harris, vice-presidente dos EUA Reuters/POOL

A vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris, foi recebida este sábado à noite, madrugada de domingo em Portugal continental, em Wilmington, no estado do Delaware, em estado de euforia, por entre gritos e buzinas que a obrigaram a repetir boa noite seis vezes antes de começar por citar o congressista John Lewis, referência da luta pelos direitos cívicos norte-americanos falecido recentemente: “A democracia não é um estado é um acto.”

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A vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris, foi recebida este sábado à noite, madrugada de domingo em Portugal continental, em Wilmington, no estado do Delaware, em estado de euforia, por entre gritos e buzinas que a obrigaram a repetir boa noite seis vezes antes de começar por citar o congressista John Lewis, referência da luta pelos direitos cívicos norte-americanos falecido recentemente: “A democracia não é um estado é um acto.”

“Queria com isto dizer que a democracia americana não está garantida, é tão forte quanto a nossa vontade de lutar por ela”, referiu Harris no discurso de apresentação do Presidente eleito, Joe Biden, que durou pouco mais de onze minutos e foi da luz que emerge do perigo, por uma democracia ameaçada, até ao futuro que se abre para as mulheres e, mais sublinhadamente, para as mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas que se vêem agora representadas no segundo cargo mais alto da nação.

A democracia deve ser “guardada e nunca ser dada como certa” e, protegê-la, “exige luta, exige sacrifício, mas há alegria nisso e há progresso porque nós, o povo, temos poder para construir um futuro melhor”, disse a vice-presidente eleita.

“E quando a nossa própria democracia estava em perigo nesta eleição, com a verdadeira alma da América em causa, e com o mundo a olhar, vocês asseguraram um novo dia para a América”, acrescentou.

Depois de elogiar todas as pessoas que trabalharam na campanha, por conseguirem trazer mais eleitores para as urnas, Kamala Harris também teve uma palavra para todas as pessoas que trabalharam nas comissões de eleições para assegurar "que todos os votos eram contados” e “asseguraram a integridade” da democracia dos EUA, a vice-presidente eleita estendeu o agradecimento a todo o povo americano pela taxa de participação recorde na eleição.

“Sei que os tempos têm sido desafiantes, a mágoa, a tristeza, a dor, as preocupações e as lutas; mas também fomos testemunhas da vossa coragem, da vossa resiliência e da generosidade do vosso espírito. Durante quatro anos, manifestaram-se e organizaram-se  pela igualdade e pela justiça, pelas nossas vidas e pelo nosso planeta e, depois: votaram!”, afirmou para gáudio e aplauso da audiência.

E a mensagem foi clara, garantiu Kamala Harris: “Vocês escolheram a esperança, unidade, decência, ciência e, sim, verdade. Vocês escolheram Joe Biden como o próximo Presidente dos Estados Unidos da América”.

“Joe é alguém que cura, que une, uma mão firme que já foi testada. Alguém cuja experiência de perda lhe dá uma razão de ser que nos ajudará, como nação, a reclamar a nossa razão de ser. É um homem com um grande coração”, elogiou a senadora, a primeira mulher, a primeira negra, a primeira asiática a ser nomeada para o cargo de vice-presidente dos EUA.

Falando de Joe Biden como um homem de família, apaixonado pela mulher, Jill - “que será uma primeira-dama incrível” -, Kamala Harris lembrou como o ex-vice-presidente amava o filho Beau, morto em 2015 com um tumor cerebral.

Altura para a vice-presidente eleita fazer a ponte para a sua família, o marido, os filhos, mas, sobretudo, a mãe, nascida na Índia e que chegou aos EUA aos 19 anos: “Ela acreditava tão profundamente na América, onde um momento como este é possível. Por isso, estou a pensar nela e nas gerações de mulheres, mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas que na história da nossa nação prepararam o caminho para este momento, hoje.”

“Mulheres que lutaram tanto pela igualdade, liberdade e justiça para todos, incluindo as mulheres negras que muitas vezes, demasiadas vezes, negligenciadas e que tantas vezes provaram que são a espinha dorsal da nossa democracia”, enfatizou a vice-presidente eleita.

Afirmando que chegou onde chegou aos ombros dessas mulheres que lutaram pelos seus direitos, desde as sufragistas há um século até aquelas que foram agora às urnas, Kamala Harris lembrou a “audácia” de Joe Biden de “romper uma das barreiras mais consideráveis” dos Estados Unidos e “escolher uma mulher como sua vice-presidente”.

“Embora eu possa ser a primeira mulher neste cargo, não serei a última. Porque todas as meninas que estão a assistir hoje percebem que este é um país de possibilidades. E para as pessoas deste país, independentemente do género, a mensagem é clara: sonhem com ambição, liderem com convicção e vejam-se de uma forma que outros podem não ver, simplesmente porque nunca viram antes, mas cá estamos para aplaudi-las a cada passo desse caminho”, afirmou no meio de muitos aplausos.