Líder do PSD-Açores e o acordo com o Chega: “A matriz ideológica do PSD está intacta e intacta ficará”

José Manuel Bolieiro disse ser “imune ao ruído” e assegura que o acordo com o Chega incide apenas sobre “medidas objectivas”. Representante da República indigita hoje o presidente do governo regional.

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Este sábado será conhecido o presidente do Governo dos Açores e ao que tudo indica será José Manuel Bolieiro o indigitado. O líder da coligação de direita, que está à beira de tomar o governo dos Açores, falou pela primeira vez sobre o acordo com o Chega, anunciado na sexta-feira por André Ventura. O presidente do PSD no arquipélago disse ser “imune ao ruído” e salientou que o acordo se baseia em “medidas objectivas”, que “nada têm a ver com questões extremistas”.

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Este sábado será conhecido o presidente do Governo dos Açores e ao que tudo indica será José Manuel Bolieiro o indigitado. O líder da coligação de direita, que está à beira de tomar o governo dos Açores, falou pela primeira vez sobre o acordo com o Chega, anunciado na sexta-feira por André Ventura. O presidente do PSD no arquipélago disse ser “imune ao ruído” e salientou que o acordo se baseia em “medidas objectivas”, que “nada têm a ver com questões extremistas”.

“Nem o PSD se impõe a uns, nem os outros se impõem ao PSD. Cada um tem a sua matriz, mas os pontos de acordo correspondem a um lastro comum, que são medidas objectivas que nada têm nada a ver com questões extremistas”, afirmou Bolieiro, depois de ser recebido pelo Representante da República nos Açores. Para o líder do PSD regional, a identidade social-democrata não será afectada pelo entendimento com o Chega. “A matriz ideológica e doutrinária do PSD está intacta e intacta ficará”.

Assumindo que existe um “acordo formalizado” com o partido de André Ventura, o antigo vice-presidente da direcção de Rui Rio salientou que os acordos com os cinco partidos que compõem a coligação foram feitos “em nome da estabilidade”. Já as críticas devido ao firmar de um acordo com um partido de extrema direita são “ruído” para Bolieiro.  “Seremos imunes ao ruído que ainda por cima se baseia em inverdades. Não temo isso. Eu sou, como é reconhecido e não abdico, uma pessoa ponderada, serena, estável”, disse.

Questionado sobre essas “inverdades”, Bolieiro replicou a comunicação da direcção nacional do PSD, frisando que não existe um acordo nacional entre o Chega e o PSD, sobretudo ao nível da revisão constitucional. “O PSD nacional tem o seu próprio projecto de revisão constitucional e não é fundado em negociações” com o Chega.

Sobre as iniciativas específicas acordadas com o Chega na região, Bolieiro apenas disse que foram aquelas “tornadas públicas pelos eleitos do Chega nos Açores”. Segundo os dois deputados eleitos pelo partido de Ventura, o acordo com o PSD baseia-se em duas grandes propostas: “a redução da subsidiodependência” e a criação de um “gabinete regional de luta contra a corrupção”.

“Os resultados eleitorais apontaram para um desejo de mudança e para cumprir o desejo de mudança do povo e dos eleitores tínhamos que apresentar uma solução alternativa”, afirmou Bolieiro, que agora ficará à espera da decisão do Representante da República. O Representante da República termina hoje ao final do dia ronda de audições aos partidos, uma exigência prevista no Estatuto dos Açores. O último a ser recebido é o Partido Socialista, que governa os Açores há 24 anos. Depois, Pedro Catarino anunciará quem irá chefiar o XIII Governo dos Açores.

Nas eleições regionais de 25 de Outubro, o PSD-Açores ficou em segundo lugar nas com 35,05% dos votos (21 mandatos) e o PS ficou em primeiro com 40,65% da votação (25 mandatos). Com uma Assembleia Regional à direita, Bolieiro firmou uma parceria de governo com CDS e PPM e acordos de incidência parlamentar com a Iniciativa Liberal e o Chega. E voilá: ficou formada uma coligação de cinco partidos para garantir os 29 deputados necessários para a maioria no parlamento açoriano.