Uma bela notícia para o mundo
O que estava em causa era antes uma oposição entre a verdade e a mentira, entre a democracia e a autocracia.
As ténues dúvidas dos últimos dias dissiparam-se com o anúncio dos resultados na Pensilvânia, e ao princípio da tarde deste sábado chegou finalmente a hora de celebrar: Joe Biden ganhou as presidenciais nos Estados Unidos. Por muito que Donald Trump conteste os resultados nas redes sociais, nas ruas ou nos tribunais, a vontade soberana dos americanos acabará por se impor e os Estados Unidos e o mundo ver-se-ão livres de um Presidente ególatra, mentiroso, sectário e sem qualquer dignidade para liderar a maior potência mundial. A derrota de Donald Trump é uma bela notícia para o mundo.
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As ténues dúvidas dos últimos dias dissiparam-se com o anúncio dos resultados na Pensilvânia, e ao princípio da tarde deste sábado chegou finalmente a hora de celebrar: Joe Biden ganhou as presidenciais nos Estados Unidos. Por muito que Donald Trump conteste os resultados nas redes sociais, nas ruas ou nos tribunais, a vontade soberana dos americanos acabará por se impor e os Estados Unidos e o mundo ver-se-ão livres de um Presidente ególatra, mentiroso, sectário e sem qualquer dignidade para liderar a maior potência mundial. A derrota de Donald Trump é uma bela notícia para o mundo.
A imprensa portuguesa, e em concreto o PÚBLICO, não tem por hábito endossar o seu apoio a candidatos nem celebrar vitórias eleitorais. A congratulação com a vitória de Joe Biden justifica-se porque em causa não estava uma disputa política na estrita esfera das regras democráticas. O que se decidia não era uma clássica oposição entre valores de esquerda e de direita, entre conservadores e progressistas, entre proteccionistas e livre-cambistas, entre defensores de um papel central do Estado e os que preferem um governo baseado na responsabilidade individual.
O que estava em causa era antes uma oposição entre a verdade e a mentira, entre a democracia e a autocracia, entre a apologia dos direitos humanos e a sua corrupção, uma disputa entre cooperação multilateral e a extinção da ordem global das últimas décadas. Trump revelou do princípio até ao fim um desdém absoluto por esse código de valores.
Tornou-se o rosto de um modelo de governação sustentado na guerra racial, na recusa de encarar ameaças como o aquecimento global, no desdém pela ciência e pela razão, na instituição da falsidade e da manipulação dos factos como instrumento de preservação do poder. A sua reeleição significaria a provável ruína da democracia liberal na América e, por contágio, no Ocidente.
A sua derrota é, por isso, um bálsamo para todos os que acreditam que a democracia é o menos mau de todos os regimes. E um estímulo para os que a cultivam como um código de valores e compromissos que não dispensa a decência, o exemplo, a razão, a verdade ou o prazer com a diferença.
Com Trump fora de cena, chega a hora de encarar o futuro. Que, reconheçamos, implica desafios. E mudanças. Mais do que um criador, Trump é uma criatura de uma democracia flagelada pela pandemia, pela desigualdade, pela vaga de ódio racial ou por um modelo de globalização que exige afinações. A tarefa é enorme para Joe Biden. Sem Trump no horizonte, sobra, ao menos, a esperança de que as feridas abertas por este homem sinistro podem ser curadas.
A Direcção Editorial