Com o degelo, uma cápsula do tempo enterrada no Pólo Norte, em 2018, viajou até à Irlanda

A intenção de mostrar aos futuros habitantes da Terra como se vivia no início do século XXI foi sabotada pelo aquecimento global. Dentro da cápsula estavam guardadas fotografias, cartas e até rolhas de vinho. Num dos bilhetes, a tripulação russa previa que a cápsula só fosse encontrada passados 30 a 50 anos.

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Conor McClory e Sophie Curran, que encontraram a cápsula numa praia da Irlanda Conor McClory e Sophie Curran/DR

Com o degelo provocado pelo aquecimento global, uma cápsula do tempo deu à costa na Irlanda. O cilindro cinzento foi enterrado no Pólo Norte, em 2018, pela tripulação do navio quebra-gelo russo 50 anos da Vitória. Percorreu 3700 quilómetros desde o Círculo Polar Árctico até à costa irlandesa para ser encontrada por dois jovens surfistas, residentes na vila de Gweedore, em Donegal, no Norte da Irlanda. Dentro trazia cartas, poemas, fotografias, emblemas, um menu do navio e rolhas de vinho. Numa das correspondências deixadas, a tripulação adivinhava o degelo. Só não o previa tão cedo.

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Com o degelo provocado pelo aquecimento global, uma cápsula do tempo deu à costa na Irlanda. O cilindro cinzento foi enterrado no Pólo Norte, em 2018, pela tripulação do navio quebra-gelo russo 50 anos da Vitória. Percorreu 3700 quilómetros desde o Círculo Polar Árctico até à costa irlandesa para ser encontrada por dois jovens surfistas, residentes na vila de Gweedore, em Donegal, no Norte da Irlanda. Dentro trazia cartas, poemas, fotografias, emblemas, um menu do navio e rolhas de vinho. Numa das correspondências deixadas, a tripulação adivinhava o degelo. Só não o previa tão cedo.

A cápsula foi encontrada esta semana por Conor McClory e Sophie Curran que, enquanto se preparavam para surfar, se depararam com um tubo de metal. O palpite dos dois foi variando consoante o analisavam melhor. Ao jornal diário Donegal, McClory confessa que a princípio pensavam que fosse uma bomba; depois de verem a data inscrita no objecto cilíndrico, contudo, pensaram que poderia conter as cinzas de alguém. Com a ajuda de um amigo russo, conseguiram traduzir o que estava gravado e perceberam que se tratava de uma cápsula do tempo. Depois de aberta, revelou-se num pequeno aglomerado de memórias da expedição ao Árctico que a tripulação do navio russo 50 anos da Vitória fez em 2018. 

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Cartas, poemas, fotografias e emblemas são alguns dos objectos encontrados dentro da cápsula DR

“Neste momento, está tudo coberto e rodeado de gelo. Quando a cápsula for encontrada, acreditamos que, infelizmente, não existirá mais gelo no Árctico”: é isto que uma das cartas, datada de 4 de Agosto de 2018, conta. Steva, um dos autores, foi contactado por McClory, que o encontrou no Instagram. Numa videochamada, o jovem surfista obteve mais informações; o tripulante mostrou-se surpreso pela descoberta, explicando que o grupo esperava que a cápsula fosse encontrada só daqui a 30 a 50 anos - e não no curto espaço de dois anos. 

A intenção dos tripulantes era mostrar aos futuros habitantes do planeta como se vivia no início do século XXI. Contudo, o aquecimento global veio quebrar o expectado. De acordo com a NASA, há décadas que o Árctico, mais propriamente o gelo que rodeia o oceano, tem sofrido uma redução drástica. Segundo o jornal britânico The Guardian, em Julho de 2020, 40% da plataforma de gelo Milne, com 4000 anos de existência e localizada na ilha Ellesmere, no Canadá, desabou no mar. 

Com o degelo provocado pelo aumento da temperatura e a neve a não ser suficiente para repor o gelo perdido, os cientistas temem que já não haja retorno. Previsto pela tripulação do navio para 2068, o aquecimento global acelerou rapidamente no espaço de dois anos e os cientistas não prevêem melhorias para o futuro do Pólo Norte. 

Texto editado por Ana Maria Henriques