Enquanto o ataque decorria nas ruas, a música não parou na Ópera de Viena

Em Viena, um atirador provocou o pânico nas ruas do centro histórico. Mas, no interior da Ópera, a calma reinou e a música serviu para manter o público em segurança.

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Vista sobre a Ópera de Viena, durante o baile tradicional, em 2018 LUSA/LISI NIESNER

Quatro músicos da orquestra da Ópera Estatal de Viena improvisaram um concerto único, na segunda-feira à noite, depois de a audiência ter sido informada de que não era seguro sair do edifício por estar a decorrer um ataque nas ruas.

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Quatro músicos da orquestra da Ópera Estatal de Viena improvisaram um concerto único, na segunda-feira à noite, depois de a audiência ter sido informada de que não era seguro sair do edifício por estar a decorrer um ataque nas ruas.

Imagens de vídeo publicadas no Twitter por um membro do público no concerto mostram os músicos a tocar o Kaiserquartett, um quarteto de cordas em dó maior de Joseph Haydn, aos que permaneceram no auditório muito depois de o espectáculo ter sido dado por terminado. “Nenhum [ataque] irá parar a música em Viena”, lê-se no post, entretanto tornado viral.

Uma porta-voz da Ópera Estatal de Viena explicou, à Reuters, que a direcção tinha sido informada pela polícia, durante o intervalo da apresentação das óperas Cavalleria Rusticana e Pagliacci, de que estavam a decorrer ataques nas ruas adjacentes ao edifício da Ópera, no centro de Viena. No interior, estava uma sala esgotada, com cerca de mil pessoas, naquelas que foram as últimas horas antes da entrada em vigor de um novo recolher obrigatório, à semelhança do que já foi decretado noutros países europeus.

“Considerámos se deveríamos ou não interromper o espectáculo. Mas decidimos que isso não faria sentido”, explicou a mulher, questionando: “Se as pessoas não podiam sair de qualquer forma, porque deveríamos parar mais cedo?”.

Após a conclusão das apresentações, o director da Ópera foi ao palco. “Ele descreveu o que estava a acontecer — [contou] que havia ataques terroristas na cidade, que era proibido sair e que as portas estavam trancadas, que as pessoas tinham de ficar lá dentro, mas que nós iríamos abrir as áreas de bar e fazer tudo para manter as pessoas confortáveis.”

A resposta do público espantou os responsáveis da Ópera: “Não houve qualquer tipo de pânico. As pessoas ou permaneciam sentadas em silêncio ou iam para as áreas de bar.”

Até que, por volta das 23h, alguns membros da orquestra voltaram para uma actuação não prevista da obra de Haydn. “Restavam apenas algumas pessoas no auditório, mas claramente gostaram.”

Os ataques em Viena foram da autoria de um homem identificado como Kutjim Fejzulai e reivindicados pelo Daesh. O atentado matou quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, e feriu 22. As vítimas estavam espalhadas por seis locais diferentes, o que levou as autoridades, num primeiro instante, a acreditar na existência de vários atacantes. Kutjim Fejzulai, um jovem de 20 anos com simpatias pelo Daesh e que esteve preso por ter tentado juntar-se aos jihadistas na Síria, foi abatido pela polícia às 20h09, apenas nove minutos depois de ter sido dado o primeiro alerta.