Cabo Delgado: Mais de 11.200 pessoas fugiram para Pemba em duas semanas

A província de Cabo Delgado é palco há três anos de ataques armados. Há quem fuja em barcos à vela, que andam à deriva do vento durante três a quatro dias, sem água ou alimentos.

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Crianças de famílias que fugiram das zonas atacadas e se refugiaram em Pemba RICARDO FRANCO/Lusa

A última vaga de deslocados provocada pela guerra em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, pôs mais de 11.200 pessoas em fuga para a capital provincial, Pemba, em duas semanas, segundo os mais recentes dados das Nações Unidas.

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A última vaga de deslocados provocada pela guerra em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, pôs mais de 11.200 pessoas em fuga para a capital provincial, Pemba, em duas semanas, segundo os mais recentes dados das Nações Unidas.

“De 16 a 29 de Outubro, pelo menos 219 barcos transportando 11.280 pessoas chegaram a Pemba, capital da província de Cabo Delgado”, escreve o gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) numa actualização feita na segunda-feira.

Segundo a organização, o fluxo diminuiu nos últimos dias.

“Quase metade das pessoas deslocadas são crianças e pelo menos 25 estão sozinhas, de acordo com a Organização Internacional das Migrações”, acrescenta. 

Nesta vaga de deslocados foram identificadas 19 mulheres grávidas, mais de 100 idosos, cerca de 180 pessoas com necessidade de assistência médica imediata e dez pessoas com deficiência. 

O Governo e os parceiros humanitários prestaram assistência a mais de 8300 pessoas que chegaram a Pemba, dando-lhes comida, água e serviços de higiene, saúde e protecção.

Testemunhos ouvidos pela Lusa nas últimas semanas dão conta de fugas em barcos à vela, à deriva do vento durante três a quatro dias, sem água ou alimentos, com algumas pessoas a morrer durante a viagem.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.

Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de mil a 2.000 vítimas.

O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, ​disse na quarta-feira no parlamento que “os actos terroristas” já provocaram 435 mil deslocados internos.