Música para “agitar as águas” no palco do Maria Matos até Dezembro
Manel Cruz, Lena d’Água, Cais Sodré Funk Connection com Paulo de Carvalho, A Garota Não e Luís Varatojo com o seu projecto Luta Livre compõem um ciclo que começa esta quarta-feira no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
Sob a designação “Produtores Associados no Maria Matos” estreia-se esta quarta-feira no Teatro Maria Matos um ciclo de espectáculos que ali decorrerá até Dezembro, o primeiro às 20h30 e os restantes às 20h (o horário inicial era às 21h30, mas foi antecipado devido às medidas de contingência). No dia 4, a abrir, estará Manel Cruz, seguindo-se Lena d’Água no dia 18, Cais Sodré Funk Connection com Paulo de Carvalho como convidado no dia 30 e, já em Dezembro, A Garota Não (dia 2) e o projecto Luta Livre, de Luís Varatojo (dia 21), que ali lançará, ao vivo, o seu álbum homónimo.
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Sob a designação “Produtores Associados no Maria Matos” estreia-se esta quarta-feira no Teatro Maria Matos um ciclo de espectáculos que ali decorrerá até Dezembro, o primeiro às 20h30 e os restantes às 20h (o horário inicial era às 21h30, mas foi antecipado devido às medidas de contingência). No dia 4, a abrir, estará Manel Cruz, seguindo-se Lena d’Água no dia 18, Cais Sodré Funk Connection com Paulo de Carvalho como convidado no dia 30 e, já em Dezembro, A Garota Não (dia 2) e o projecto Luta Livre, de Luís Varatojo (dia 21), que ali lançará, ao vivo, o seu álbum homónimo.
“Este momento que vivemos, particularmente crítico e vulnerável para a Cultura, revelou-se um estímulo e uma oportunidade para agitarmos as águas, juntarmos os nossos artistas e toda a equipa e darmos um passo em frente”, diz, no comunicado a anunciar o ciclo, Luís Pardelha, sócio fundador dos Produtores Associados. E José Morais, outro sócio fundador, acrescenta: “O tempo já provou que a resiliência é uma das nossas características mais evidentes e marcantes.”
Promessas de “segunda vaga” para 2021
Os espectáculos que agora se iniciam serão, segundo esta agência e produtora fundada em Março de 2007, a “primeira vaga” do Ciclo “Produtores Associados no Maria Matos”, preparando-se já uma “segunda vaga” de programação, a anunciar em breve, para começar em Janeiro de 2021.
Quando o novo disco de Manel Cruz saiu, Gonçalo Frota apresentou-o assim no suplemento Ípsilon do PÚBLICO: “Depois de uma crise autoral, o músico entregou-se a uma rotina de escrever uma canção por dia durante quatro meses. Vida Nova, que põe fim a um silêncio discográfico de sete anos, é o magnífico resultado desse processo.” Vida Nova, editado a 5 de Abril de 2019 e apresentado nesse ano no Porto (Casa da Música, 28 de Abril) e em Lisboa (Capitólio, 1 de Maio), serve de base a este concerto de Manel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto, Supernada, Foge Foge Bandido), mas cruzado com repertório anterior. Agora, no Maria Matos, às 20h30, estarão com ele António Serginho (percussão, piano, xilofone), Eduardo Silva (baixo, voz) e Nico Tricot (piano).
De Lena d'Água ao “vulcão funk”
Um mês depois de ser editado o disco de Manel Cruz, surgia a 10 de Maio nas lojas, um álbum de Lena D’Água. De novo a palavra a Gonçalo Frota, que nesse mês a entrevistou para o Ípsilon: “Desalmadamente, álbum que Pedro [da Silva Martins, dos Deolinda] escreveu para Lena d’Água, produzido a oito mãos por Francisca Cortesão, Mariana Ricardo, Sérgio Nascimento (todos dos They’re Heading West) e Benjamim […], põe fim a um longuíssimo período em que uma das mais emblemáticas vozes da pop nacional foi subindo aos palcos apenas para reavivar a sua obra passada.”
E subirá agora ao palco mais uma vez, para, segundo o programa, “apresentar as novas canções e recordar alguns dos êxitos incontornáveis do seu repertório.” Com ela, além dos quatro nomes já mencionados, estarão também João Correia e António Vasconcelos Dias.
Depois do concerto de Lena d’Água, dia 18, cabe aos Cais Sodré Funk Connection encerrarem o mês, no dia 30, com um concerto que tem por convidado especial o cantor e compositor Paulo de Carvalho, que com eles colaborou no álbum Soul, Sweat & Cut the Crap (2016), numa versão de Mãe negra. Agora, ainda segundo os promotores deste ciclo, decidiram convidá-lo “para juntos (re)fazerem canções com história e outras mais actuais e embarcar nesta viagem muito especial.”
Em Maio de 2016, ao falar com Vítor Belanciano, para o Ípsilon, sobre o então recém-lançado Soul, Sweat & Cut the Crap, Fernando Nobre, igualmente conhecido por Sylk, “mestre-de-cerimónias e cantor dos Cais Sodré Funk Connection (para além de actor de teatro e cinema)”, dizia: “Acredito que a música cura, liberta e é redentora, mas tens de dar-te. Nos nossos concertos pensamos nessa espécie de transe, Na comunhão com o instrumento, com qualquer coisa que te transcende, com o público. É esse movimento que me interessa.” E esse movimento chega agora ao Maria Matos. “Um vulcão de soul, funk e gospel”, como lhe chamou Vítor Belanciano.
Regresso à Rua das Marimbas
Dezembro abre, no dia 2, com A Garota Não, projecto da setubalense Cátia Mazari Oliveira. Rua das Marimbas n. 7, o seu disco de estreia, lançado em 2019 e apresentado ao vivo no CCB em Fevereiro de 2020, é o mote deste concerto, com canções como No dia do teu casamento, Mundo do avesso, A morte não sabe contar, A canção, Adamastor, Monstro ou 80.nada, que reflecte os dramas da geração dos recibos verdes e da sua falsa “independência” laboral. Influenciada na adolescência pelas canções de José Afonso ou Fausto Bordalo Dias, assim como pela música africana e brasileira, Rua das Marimbas n. 7 é o resultado do cruzamento dessas sonoridades com aquilo que a vida lhe foi ensinando. Tal como no disco ou no concerto do CCB, A Garota Não (voz, guitarra) terá consigo, no Maria Matos, Sérgio Mendes (guitarra) e Diogo Sousa (bateria).
Luta Livre, ao vivo e em disco
Por fim, em 21 de Dezembro, a encerrar o ciclo de 2020, um concerto que é também uma estreia: Luís Varatojo (Peste & Sida, Despe e Siga, Linha da Frente, A Naifa, Fandango) apresenta ao vivo um álbum que deverá ser editado nesse mesmo dia, Luta Livre, que já teve uma antestreia na Festa do Avante!, no início de Setembro. Deste projecto, já foram publicados cinco singles com videoclipes: Política (com Ricardo Toscano e Gospel Collective), Ninguém quer saber (com Kika Santos, Magnetic Strings e o Coro Infantil Os Amigos do Vicente), Iniquidade (com Edgar Caramelo), O problema é o sistema (com Kika Santos) e Sushi era no Japão. Começou a escrever textos sobre notícias que ia lendo nos jornais e eles “alimentaram” as canções: “Iniquidade, as notícias falsas, a falta de interesse das pessoas em questões políticas verdadeiras, da cidadania.” Com Luís Varatojo, estarão no palco do Maria Matos Edgar Caramelo, Ivo Palitos, Ricardo Toscano, Ricardo Pires, Diogo Santos, João Pedro Almendra, Kika Santos e Pedro Mourato.