Covid-19: espaços culturais antecipam horários de eventos para responder às restrições
“Continuamos abertos, começamos mais cedo” é a mensagem lançada por dezenas de salas e instituições culturais adequando-se assim às directivas do Governo e da Direcção-Geral da Saúde perante o agravamento da pandemia.
Dezenas de equipamentos culturais de várias cidades do país afirmaram esta terça-feira, num comunicado conjunto, que se manterão abertos, mas que, face às recentes medidas de contenção da pandemia de covid-19, vão antecipar os horários dos espectáculos mais tardios.
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Dezenas de equipamentos culturais de várias cidades do país afirmaram esta terça-feira, num comunicado conjunto, que se manterão abertos, mas que, face às recentes medidas de contenção da pandemia de covid-19, vão antecipar os horários dos espectáculos mais tardios.
“Continuamos abertos, começamos mais cedo”, pode ler-se no comunicado partilhado por dezenas de salas, que vão dos três teatros nacionais (D. Maria II, São Carlos e São João) aos teatros municipais de Lisboa e do Porto, passando pelo Centro Cultural de Belém, pelo Theatro Circo, em Braga, pelo Cine-Teatro Louletano, pelo Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, e pelo Coliseu do Porto, entre outros.
Alkantara Festival, Companhia Nacional de Bailado/Teatro Camões, Teatro Art'Imagem, Teatro do Bairro, Teatro Diogo Bernardes de Ponte de Lima, Artistas Unidos/Teatro da Politécnica, Teatro Sá da Bandeira, Sala Estúdio Latino, Teatro da Trindade e Teatro Villaret são algumas das salas, companhias e festivais que subscreveram o comunicado e que adaptaram os seus horários às novas restrições.
As salas permanecerão abertas, “garantindo a oferta cultural e seguindo todas as regras de segurança de público e de todos os profissionais envolvidos”, mas com uma antecipação do horário de apresentação dos espectáculos “de forma a permitir que o público possa cumprir o seu dever cívico de recolhimento”.
“Os novos horários poderão ser consultados nos sites de cada um dos teatros”, acrescentam.
Os equipamentos culturais situados nos 121 concelhos de Portugal continental sujeitos ao confinamento parcial a partir de quarta-feira passam a encerrar às 22h30, segundo a Resolução de Conselho de Ministros publicada na segunda-feira, em Diário da República. Teatros, cinemas, salas de concerto podem assim, à semelhança dos “estabelecimentos de restauração e similares”, fechar 30 minutos mais tarde do que os “estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços” e aqueles que “se encontrem em conjuntos comerciais”.
Em termos concretos, por exemplo, no Teatro Nacional São João, no Porto, a única alteração é que “as récitas previstas para as 21h passam para as 19h”, segundo fonte oficial da instituição que gere o São João, o Teatro Carlos Alberto e o Mosteiro de São Bento da Vitória.
No D. Maria II, em Lisboa, o espectáculo Última Hora, em cena até 15 de Novembro, com lotações esgotadas, na Sala Garrett (a que deverá voltar, depois de uma digressão), será apresentado, de quarta-feira a sábado, às 18h, e, aos domingos, às 16h, enquanto F, na Sala Estúdio até dia 8, mantém os horários de apresentação iniciais: de quarta a sábado, às 19h30, e domingo, às 17h30.
Em Vila Nova de Famalicão, a Casa das Artes antecipou os horários dos espectáculos marcados para o fim-de-semana para as 20h45, abrangendo assim o concerto de Tainá (sexta-feira) e a peça Para atravessar contigo o deserto do mundo (sábado).
Da mesma forma, o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz deverá manter todos os espectáculos que estavam agendados, mas com “as devidas alterações de horários”, que terão ainda de ser acordadas com os produtores responsáveis por cada um dos eventos, afirmou o vereador da Câmara Municipal com a pasta da Cultura, Nuno Gonçalves.
Em Chaves, o Teatro Experimental Flaviense mantém a programação cultural e sessões de cinema previstas para Novembro, mas vai antecipar para as 20h30 o início das sessões nocturnas.
No Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, os espectáculos presenciais estão suspensos até dia 7, estando ainda a ser definida a estratégia a seguir depois, face às novas restrições.
A Câmara de Viana do Castelo informou que “a programação cultural prevista para equipamentos municipais e os horários serão reajustados e agendados de acordo com as normas”, anunciadas pelo Governo para 121 municípios. Aquelas medidas não se aplicam ao centro cultural, a maior sala de espectáculos da cidade e do distrito de Viana do Castelo, “sem programação prevista até 31 de Dezembro”. Este espaço foi transformado em unidade de saúde de retaguarda com até 200 camas.
O Teatro Municipal de Vila Real, por seu lado, decidiu antecipar os espectáculos de música, teatro e dança para as 21h, para cumprir a obrigatoriedade de fechar às 22h30. Relativamente às sessões de cinema, estas vão realizar-se em horários diferentes, dependendo da duração de cada filme, podendo haver sessões às 18h, 20h e 20h30.
Segundo fonte da Culturgest, em Lisboa, os eventos anunciados para aquele espaço “mantêm os seus horários, visto que todos os espectáculos terminam antes das 22h30, com excepção das sessões das 21h30 do Doclisboa que foram antecipadas para as 19h00”.
A Festa do Cinema Italiano, no Cinema São Jorge, em Lisboa, antecipou igualmente os horários das sessões de abertura e de encerramento, nos dias 4 e 12 de Novembro, para as 19h30.
Também em Lisboa, no Teatro Maria Matos, na quarta-feira, Manel Cruz só dará um concerto às 20h30, ao invés dos dois que estavam previstos para as 18h30 e para as 21h30.
O Auditório de Espinho optou por antecipar o espectáculo do espanhol Rodrigo Cuevas, inicialmente marcado para as 21h30 da próxima sexta-feira, passando-o para as 21h00, o que implicará actualizar horários em todas as plataformas de divulgação da casa e contactar individualmente os diversos espectadores que estão identificados por terem efectuado reserva através de email. Quanto aos próximos concertos, essa sala do distrito de Aveiro também os tentará antecipar, mas os novos horários só poderão ser definidos após auscultação aos diversos músicos envolvidos.
“Propor horários diferentes para espectáculos sempre esteve nas nossas intenções, e já tentámos algumas experiências a esse respeito em tempos recentes, no sentido de alterar hábitos, mas, neste momento, a mudança vai causar-nos algumas dificuldades logísticas e de comunicação com os públicos. Em todo o caso, a outra hipótese seria cancelar alguns concertos, o que queremos evitar porque continuamos a defender que é possível assistir com segurança a um espectáculo”, declarou à Lusa o programador do auditório, André Gomes.
Outros espaços não vão sofrer alterações: em Castelo Branco, segundo o vereador da Cultura, Carlos Semedo, o Cineteatro Avenida, para já, não vai ser afectado com o encerramento da sala às 22h30. Contudo, o autarca adiantou que, caso a situação seja prolongada no concelho de Castelo Branco para lá do dia 18 de Novembro, aí sim, vão ter de fazer alterações aos horários dos espectáculos agendados, que passam das 21h30 para as 20h00.
Também a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, não antecipa modificações aos horários, visto que os concertos mais tardios da sua programação começam às 21h, com a duração de uma hora.
No caso das salas de cinema, algumas das exibidoras contactadas pela agência Lusa disseram que aguardam ainda esclarecimentos da Inspecção-Geral das Actividades Culturais para tomar uma decisão. Os cinemas Ideal e Nimas, em Lisboa, anteciparam a última sessão para cerca das 20h.