Economia recupera 13,2% no terceiro trimestre

Parte da actividade económica desaparecida nos meses de confinamento ressurgiu entre Junho e Setembro. Ainda assim, o PIB é 5,8% mais baixo do que era no mesmo período do ano passado.

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Daniel Rocha

Depois da quebra recorde durante o segundo trimestre do ano, a economia portuguesa registou nos três meses seguintes uma forte recuperação, apoiada no aliviamento das medidas de confinamento operado a partir de Junho. Ainda assim, a retoma está longe de ser completa e o valor do Produto Interno Bruto (PIB) continua bem abaixo do verificado antes da pandemia. 

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Depois da quebra recorde durante o segundo trimestre do ano, a economia portuguesa registou nos três meses seguintes uma forte recuperação, apoiada no aliviamento das medidas de confinamento operado a partir de Junho. Ainda assim, a retoma está longe de ser completa e o valor do Produto Interno Bruto (PIB) continua bem abaixo do verificado antes da pandemia. 

De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais publicada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o PIB do terceiro trimestre deste ano registou uma variação face ao segundo trimestre de 13,2%%. O resultado representa uma recuperação de parte da queda de 13,9% que se tinha verificado no trimestre anterior. 

A variação do PIB face ao período homólogo do ano anterior manteve-se, por sua vez, em terreno negativo. Durante o terceiro trimestre, a economia caiu 5,8% face ao mesmo trimestre do ano passado, ainda assim um resultado menos negativo do que a variação homóloga de -16,4% registada no segundo trimestre. 

A redução menos intensa do PIB no terceiro trimestre “ocorreu no contexto de reabertura progressiva da actividade económica, que se seguiu à aplicação de medidas de contenção à propagação da covid-19 com forte impacto económico nos primeiros dois meses do segundo trimestre”, destaca o INE.

Este tipo de recuperação da economia durante o terceiro trimestre já era largamente antecipado. Afinal de contas, foi durante este período que se assistiu em larga medida, com o final do estado de emergência, a uma reabertura de portas nas lojas e nos restaurantes e a um regresso ao trabalho em diversas empresas e a algum regresso da ocupação turística.

Ainda assim, a actividade turística continua a ser débil. Na quinta-feira, o INE revelou que, depois de alguma recuperação em Agosto, as perdas da actividade turística voltaram a agravar-se e cerca de 25% do alojamento esteve sem operação em Setembro.

Do lado da procura externa, também se assistiu, depois da travagem brusca no comércio internacional, a um retomar progressivo da actividade, à medida que o consumo e o investimento também recuperaram nos países cujas economias mais se relacionam com a portuguesa. 

Segundo os dados do INE desta sexta-feira, “o contributo da procura externa líquida passou de muito negativo no trimestre anterior para positivo, verificando-se um crescimento acentuado das exportações de bens”.

Por fim, algumas das medidas de apoio colocadas em prática pelo Governo também fizeram sentir os seus efeitos precisamente neste período, contribuindo para minimizar os danos na actividade económica.

Maior pessimismo

Para o total do ano, o Governo antecipa, na proposta de Orçamento do Estado que está em discussão no parlamento, que a economia se contraia 8,5% no total deste ano. Outras entidades são mais pessimistas, como a Comissão Europeia, que prevê uma redução de 9,8% do PIB, ou o Fundo Monetário Internacional, que antecipa uma queda da economia de 10%.

O resultado final irá depender da forma como a economia continuará a evoluir no decorrer do quarto trimestre. E depois da retoma do terceiro trimestre têm vindo a surgir, tanto em Portugal como no resto da Europa, alguns sinais de deterioração da conjuntura relacionados com um maior pessimismo em relação à evolução da pandemia.

O PIB da zona euro subiu 12,7% no terceiro trimestre deste ano, face ao trimestre imediatamente anterior, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat, divulgada esta sexta-feira. No conjunto da União Europeia (UE), o crescimento trimestral em cadeia foi de 12,1%.

Em termos homólogos, a evolução manteve-se negativa: foi de -4,3% para a zona euro e de -3,9%, para a UE a 27 Estados-membros.