Estado de emergência fez baixar o preço das casas em 1,4%
INE divulgou que o preço mediano de alojamentos vendidos em Portugal diminuiu no segundo trimestre 1,4% face ao arranque do ano. As variações homólogas continuam positivas, mas abrandam de 14,4% para 9,4% no segundo trimestre
Já estão publicadas as primeiras estatísticas oficiais que mostram qual foi o verdadeiro impacto da pandemia no mercado da habitação, mais concretamente no segmento de compra e venda de casas. Durante o segundo trimestre de 2020, o preço mediano de venda de alojamentos caiu 1,4% face ao período de Janeiro a Março.
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Já estão publicadas as primeiras estatísticas oficiais que mostram qual foi o verdadeiro impacto da pandemia no mercado da habitação, mais concretamente no segmento de compra e venda de casas. Durante o segundo trimestre de 2020, o preço mediano de venda de alojamentos caiu 1,4% face ao período de Janeiro a Março.
As estatísticas de preços da habitação ao nível local que o INE divulgou esta quinta-feira mostram que no segundo trimestre de 2020, que compreende o estado de emergência e o confinamento generalizado decretado por causa da pandemia de covid-19, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi de 1187 euros por metro quadrado (€/m2).
Este valor representa uma redução face ao primeiro trimestre (de menos 1,4%) mas um aumento relativamente ao segundo trimestre de 2019 (de mais 9,4%). “A evolução da taxa de variação homóloga entre o primeiro e segundo trimestre de 2020, de 14,4% para 9,4% evidencia a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços da habitação”, acrescenta o INE.
Na verdade, e se se avaliarem as variações com base nos últimos 12 meses, verifica-se que os preços da habitação em Portugal continuaram a aumentar, mesmo nos meses mais impactados pela pandemia, e quase sempre com valores a rondar os 10%.
O valor mediano dos preços de venda dos alojamentos é determinado no período anual terminado no trimestre em referência – neste caso, o segundo trimestre de 2020. Por causa da pandemia de covid-19 e do seu impacto socioeconómico, o INE analisou pela primeira vez os resultados tendo os três meses anteriores como referência. “Esta opção permite uma análise das dinâmicas mais recentes do mercado de aquisição de habitação, mas condiciona a apresentação de resultados para pequenos domínios territoriais”, avisa o INE.
A análise é, contudo, possível de ser feita nas três sub-regiões do país que têm revelado os preços de habitação mais elevados, isto é, as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e ainda a Região Autónoma da Madeira.
Se compararmos as taxas de variação homólogas entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, verifica-se um desaceleramento em todas elas, com a Área Metropolitana do Porto com maior queda: menos 7,2 pontos percentuais (p.p.). Na Região Autónoma da Madeira foi de menos 6,9 p.p. e na Área Metropolitana de Lisboa foi de menos 4,1 p.p. .
Saindo da análise que compara os últimos três meses, para voltar à habitual análise feita com base nos últimos 12 meses a terminar no trimestre de referência, o valor mediano nacional fixa-se nos 1137 euros por metro quadrado (€/m2), um aumento de 1,8% face ao trimestre anterior, e 10,3% relativamente ao trimestre homólogo. E no trimestre terminado em Junho de 2020, havia ainda 48 municípios a apresentarem valores acima desta mediana.
Amadora com o maior crescimento homólogo
A análise mais fina às cidades que tem mais de 100 mil habitantes verifica-se que houve aumento de preços em todas elas. A cidade da Amadora destaca-se por registar o maior crescimento homólogo (mais 17%), mas há ainda variações expressiva em Vila Nova de Gaia (mais 15,3%) e Braga (mais 14,3%).
As cidades do Porto (mais 8,1%), de Lisboa e Coimbra (ambas com mais 7%), e do Funchal (mais 4,4%) registaram menores crescimentos relativos, merecendo destaque o facto de o Porto ter tido, pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2016, um ritmo de crescimento homólogo dos preços também inferior ao nacional. Na cidade de Lisboa, verifica-se já uma desaceleração do crescimento homólogo desde o quarto trimestre de 2018.
O município de Lisboa continua a mediana mais elevada do país (3376 euros/m2).
E há ainda mais 17 municípios a revelar valores acima dos 1500 euros/m2: Cascais (2737 euros/m2 ), Oeiras (2268 euros/m2 ), Loulé (2240 euros/m2 ), Albufeira (2000 euros/m2 ), Lagos (1989 euros/m2 ), Odivelas (1911 euros/m2 ), Porto (1905 euros/m2 ), Tavira (1861 euros/m2 ), Faro (1717 euros/m2 ), Loures (1698 euros/m2 ), Aljezur (1633 euros/m2 ), Vila Real de Santo António (1630 euros/m2 ), Funchal (1626 euros/m2 ), Almada (1602 euros/m2 ), Amadora (1595 euros/m2 ), Lagoa (1586 euros/m2 ) e Matosinhos (1557 euros/m2 ).