Protecção Civil quer recolher obrigatório, Área Metropolitana do Porto pede fecho de escolas

Pedido vai a discussão no Conselho de Ministros de sábado. Recolher obrigatório pretende evitar contágios em cenários de festas familiares ou convívios sociais que decorram à noite. Presidente da AMP defende regresso ao estado de emergência.

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Nelson Garrido

A Comissão da Protecção Civil do Porto (CPCP) vai pedir esta quarta-feira ao Governo que seja decretado recolher obrigatório no distrito. Mas, para acompanhar esta recomendação, o presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, defende medidas “mais fortes” em detrimento do que considera serem “medidas casuísticas”. Em prol da mitigação dos números de infecções por covid-19 no distrito defende um regresso ao estado de emergência por 15 dias. Uma das recomendações da AMP passa pelo encerramento das escolas do ensino secundário. 

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A Comissão da Protecção Civil do Porto (CPCP) vai pedir esta quarta-feira ao Governo que seja decretado recolher obrigatório no distrito. Mas, para acompanhar esta recomendação, o presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, defende medidas “mais fortes” em detrimento do que considera serem “medidas casuísticas”. Em prol da mitigação dos números de infecções por covid-19 no distrito defende um regresso ao estado de emergência por 15 dias. Uma das recomendações da AMP passa pelo encerramento das escolas do ensino secundário. 

Só com o regresso ao estado de emergência considera ser possível constitucionalmente poder-se avançar para a tomada de um conjunto de medidas como esta. Para isso, apela ao Governo a que nos próximos dias decida. O autarca gaiense, que preside neste momento à AMP, defende que todas as medidas sejam “ancoradas” no estado de emergência, de forma as autarquias não avançarem para “medidas avulsas”. 

Para que as recomendações cheguem a uma só voz ao Governo a AMP vai reunir-se na próxima sexta-feira. Eduardo Vítor Rodrigues sublinha que o problema da pandemia tem de ser tratado de forma “regional” e não local. Por isso, salienta rejeitar qualquer medida de “carácter concelhio, como, por exemplo, o fecho de fronteiras entre concelhos: “Seria um erro crasso.”

A presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiros, pediu nesta quarta-feira ao Governo que decrete o dever de permanência no domicílio, sublinhando defender que não se ponham em causa as movimentações relacionadas, entre outras, com trabalho ou cuidados de saúde.​

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Paulo Pimenta

Matosinhos suspende visitas a lares

Matosinhos já tinha anunciado na terça-feira a alteração do horário de encerramento dos centros comerciais para as 21h. Os restaurantes passarão também a encerrar às 22h. Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, enumerou outras recomendações que já seguiram para o Governo, de forma a adiar a possibilidade de uma ruptura nos serviços das unidades de cuidados intensivos do concelho. 

No início do mês de Outubro, a incidência de infecções pelo novo coronavírus no concelho era de 5,3 casos por cem mil habitantes, situando-se agora nos 93,52 casos por cem mil habitantes. No âmbito da Comissão Municipal da Protecção Civil (CMPC) a autarquia decidiu reforçar o policiamento nas ruas para controlar as medidas que entrarão em vigor.

A partir do próximo fim-de-semana o número de bancas nas feiras do município será reduzido para metade, seguindo-se um modelo de rotatividade semanal entre feirantes. A lotação nas idas aos cemitérios também será limitada. As visitas a lares serão suspensas e os funcionários destas instituições adoptarão turnos em espelho. Nos jardins-de-infância, haverá um funcionário educador exclusivo por turma. Os alunos do 3.º ciclo para cima passarão a ter aulas a partir de casa, recomendação que merece o apoio da AMP.  

Em função do aumento de casos no concelho, Luísa Salgueiros também defende um regresso ao estado de emergência até 15 de Novembro de forma a conter os casos de infecção até ao período do Natal.

Ao PÚBLICO, no último fim-de-semana, António Taveira Gomes, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (USLM), dizia estarem internados na enfermaria pouco mais de 50 pessoas, estando 11 nos cuidados intensivos e três nos cuidados intermédios.

Nesta quarta-feira, adiantou estarem internados no Hospital Pedro Hispano 62 doentes, dos quais 43 em enfermaria, seis em cuidados intermédios e 13 em unidades de cuidados intensivos. Apesar de o responsável garantir existirem condições para adaptar a área do hospital de forma a poder receber mais pacientes, sublinha existir falta de recursos humanos para acompanhar essa expansão.

As medidas preconizadas pela autarquia e pela CPCP surgem para evitar que se chegue à sobrelotação da ULSM. “Queremos achatar a curva da evolução da pandemia”, sublinha Luísa Salgueiro.

O pedido de recolher obrigatório segue para o Governo na sequência do aumento do número de infecções no distrito. O objectivo é encontrar-se um “equilíbrio entre economia e saúde pública”, avança ao PÚBLICO Marco Martins, presidente da CPCP, que defende esta alternativa, de forma a evitar-se “outro confinamento”. O documento será discutido no próximo Conselho de Ministros de sábado.

Contactada pelo PÚBLICO, a Câmara do Porto diz ter reunião marcada para o final da tarde desta quarta-feira para discutir esta matéria.

Especialistas alertaram nesta quarta-feira que a região norte poderá atingir sete mil novos casos de infecção por SARS-CoV-2 na próxima semana. Ouvidos pela Lusa, afirmaram existirem “vários concelhos” num “patamar semelhante” aos três do Tâmega e Sousa onde foram impostas medidas mais restritas.