A dieta das redes sociais

As redes sociais dão-nos uma falsa sensação de que estamos rodeados de pessoas que realmente gostam de nós e estariam lá se precisássemos, quando o que as mantém é apenas a curiosidade.

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Dado Ruvic

Entrei verdadeiramente no mundo das redes sociais aos 12 anos, criando assim a minha primeira, e única, conta de Facebook, que dura até aos dias de hoje. Antes disso, assinava as mensagens aos meus colegas na do meu pai. Colegas que, como podem perceber, nessa altura já tinham o seu perfil. Ainda que supervisionada, acabei por criar o meu próprio perfil antes da idade permitida: os 13 anos. A idade nas redes sociais é apenas uma das muitas coisas facilmente sabotáveis.

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Entrei verdadeiramente no mundo das redes sociais aos 12 anos, criando assim a minha primeira, e única, conta de Facebook, que dura até aos dias de hoje. Antes disso, assinava as mensagens aos meus colegas na do meu pai. Colegas que, como podem perceber, nessa altura já tinham o seu perfil. Ainda que supervisionada, acabei por criar o meu próprio perfil antes da idade permitida: os 13 anos. A idade nas redes sociais é apenas uma das muitas coisas facilmente sabotáveis.

Há alguns anos não se falava muito dos perigos, da vulnerabilidade a que se está sujeito ao entrar por esta porta. Por isso, não culpo os pais por terem dado autorização aos seus filhos para entrarem num mundo quase novo. Hoje, com tanta informação disponível, creio que muitos não o fariam.

Mais tarde, já com outro tipo de maturidade, apercebo-me de outros problemas: o tempo perdido e a toxicidade que aqui paira. São já muitas as coisas que me fazem confusão, desde pessoas que debitam o ódio que lhes é inerente (nos comentários), às fake news, ao número exorbitante de “amigos” que tenho e que talvez nem me identifique assim tanto. Como todos sabemos, quantidade não é qualidade, por isso o eliminar amigos tornou-se prática comum.

Qual é o sentido de partilharmos o que somos, a nossa vida, com pessoas que não nos dizem nada? Aceitamos a amizade só porque sim e esquecemo-nos que é mais uma pessoa a ter acesso ao que fazemos. As redes sociais dão-nos uma falsa sensação de que estamos rodeados de pessoas que realmente gostam de nós e estariam lá se precisássemos, quando o que as mantém é apenas a curiosidade.

Outro desafio difícil de superar é apelar à minha ignorância sempre que vejo algum comentário que não me agrada. Entra-se em discussões que não levam a lado nenhum, com pessoas que em nada acrescentam. Enquanto seres humanos, por vezes, é muito fácil partir-se para o insulto.

O documentário O Dilema das Redes Sociais foi o impulsionador de tudo isto. Recordo-me de uma frase em particular e que passo a citar: “Se não estás a pagar pelo produto, então tu és o produto.”. De facto, faz todo o sentido, pois o objectivo do algoritmo é manter-nos o máximo de tempo conectados. Toda a publicidade ao redor do nosso ecrã tem um intuito lucrativo. A primeira publicação do feed estimula-nos de tal forma que nos faz ficar horas ao telemóvel. É-nos até controlado o tempo que ficamos a olhar para uma foto. Não é assustador? A mim assustou-me o bastante para que me ausente cada vez mais destas plataformas.

Denomina-se dopamina a substância responsável pelo vício, relacionando-se com situações de bem-estar e recompensa. Quantidades excessivas são então libertadas na presença de uma simples notificação, o fluxo sanguíneo aumenta e a ansiedade torna-se de tal forma gigante que não existe autocontrolo.

Não digo que não haja benefícios da utilização das redes sociais, daí ainda ter as minhas contas ativas, porém, acho que os malefícios superam as vantagens e por isso vejo o meu futuro sem elas. O que nos une pode muito bem ser apenas aquilo que nos controla.