Venezuela: Leopoldo López fugiu do país e já chegou a Espanha
Vontade Popular diz que o seu líder vai “coordenar novas iniciativas em prol da liberdade na Venezuela”.
Não se deixou ver, por isso não há fotografias ou declarações. Um dos principais líderes da oposição venezuelana, Leopoldo López, que no ano passado ensaiou um golpe militar contra o Governo de Nicolás Maduro, fugiu do país e chegou ao meio-dia deste domingo a Madrid, em Espanha.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Não se deixou ver, por isso não há fotografias ou declarações. Um dos principais líderes da oposição venezuelana, Leopoldo López, que no ano passado ensaiou um golpe militar contra o Governo de Nicolás Maduro, fugiu do país e chegou ao meio-dia deste domingo a Madrid, em Espanha.
No Twitter, Juan Guaidó, que com ele protagonizou a fracassada insurreição, ridicularizou Maduro e o seu aparelho de segurança, que não detectou a fuga. “Maduro, não controlas nada”, escreveu num tweet. “Enganando o aparato repressivo, conseguimos tirar do país o nosso Comissário para o Centro do Governo, Leopoldo López”.
López estava desde o ano passado na embaixada espanhola em Caracas, refugiando-se ali para não regressar à prisão – foi considerado culpado pela violência dos protestos de 2014 contra o Governo, em que morreram mais de 40 pessoas, e condenado a quase 14 anos de prisão, tendo em 2017 passado para o regime de prisão domiciliária.
O seu partido, o Vontade Popular (centro-direita), confirmou a fuga, mas não foram dados pormenores sobre a operação que aconteceu apesar da vigilância dos serviços de segurança à embaixada espanhola na capital venezuelana.
Sabe-se que López saiu da embaixada sexta-feira e apanhou no sábado na Colômbia o avião que o levou a Madrid. E a oposição venezuelana, citada pelo jornal El País, diz que na sequência da fuga foram detidas duas pessoas, um funcionário venezuelano da embaixada e uma empregada da família López.
Os serviços de segurança venezuelanos fizeram ainda um “reconhecimento” num edifício onde residem funcionários da embaixada espanhola.
As prisões e as buscas levaram o Governo espanhol a esclarecer que López saiu por “decisão pessoal e voluntária” e a condenar “detenções de pessoal da sua embaixada” e “buscas em domicílios de pessoal, ou actos que suponham o incumprimento das obrigações da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.
Sabe-se que do aeroporto – onde o esperavam jornalistas, mas não saiu pela porta habitual dos passageiros – López foi para casa da família. A sua mulher, Lilian Tintori, e o seu pai, o empresário Leopoldo López Gil, já vivem em Madrid.
O opositor deixou uma mensagem aos apoiantes no Twiter: “Venezuelanos, esta decisão não foi fácil, mas estejam seguros de que podem contar com este vosso servidor para lutar seja onde for”.
Na prisão e na prisão domiciliária, Leopoldo López manteve a actividade política, tendo coordenado o trabalho de Juan Guaidó, ao lado de quem surgiu na tentativa de revolta militar falhada. Guaidó assumiu o protagonismo da revolta contra Maduro e o seu Governo, e enquanto presidente da Assembleia Nacional com maioria da oposição proclamou-se Presidente, invocando a Constituição, sendo na altura reconhecido por mais de 50 países, entre eles Portugal.
O movimento anti-Maduro perdeu, entretanto, ímpeto. E num comunicado, o Vontade Popular disse que López vai anunciar nos próximos dias o que pretende fazer para “coordenar novas iniciativas e prol da liberdade na Venezuela”.
A sua fuga acontece a um mês das eleições legislativas na Venezuela, que a oposição vai boicotar.
López viu a sua actividade política ser travada por Espanha enquanto esteve na embaixada. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Madrid, Josep Borrell (agora chefe da diplomacia da União Europeia) disse que Espanha não permitiria que a sua embaixada fosse usada como centro da oposição.
Borrell disse também na altura que Espanha não entregava López às autoridades venezuelanas, mas que se o opositor quisesse pedir asilo político teria que o fazer em território espanhol e não na embaixada.