Instituições do sector social recebidas por Marcelo criticaram falta de apoio do Estado

“O Estado não apoia o sector social, o sector social é que apoia o Estado”, disse Manuel de Lemos.

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Manuel de Lemos e Lino Maia foram recebidos pelo Presidente MIGUEL FIGUEIREDO LOPES/Lusa

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) disse neste sábado que, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, “têm aumentado” os pedidos de ajuda das famílias, tendo essa preocupação sido manifestada ao Presidente da República. E deixou uma crítica à falta de atenção que à dada pelo Estado a estas instituições. “O Estado não apoia o sector social, o sector social é que apoia o Estado.”

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O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) disse neste sábado que, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, “têm aumentado” os pedidos de ajuda das famílias, tendo essa preocupação sido manifestada ao Presidente da República. E deixou uma crítica à falta de atenção que à dada pelo Estado a estas instituições. “O Estado não apoia o sector social, o sector social é que apoia o Estado.”

Manuel de Lemos falava aos jornalistas no final de uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa para analisar a actual situação pandémica em Portugal e em cujo encontro esteve também presente o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), o padre Lino Maia.

Manuel de Lemos disse que existem “muitos exemplos” de pessoas a recorrer às instituições da UMP, cuja missão é apoiar os portugueses quer nas terras “mais pequeninas”, quer nos centros com maior população.

Também o padre Lino Maia enalteceu o papel de proximidade exercido pelas instituições que representa e o assinalou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em período de pandemia pelos trabalhadores das instituições, os quais são “bem dedicados”. À semelhança de Manuel de Lemos, criticou a falta de atenção dado pelo Estado e pelo Orçamento do Estado ao sector social.

É preciso que o OE invista verdadeiramente no SNS

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu também neste sábado o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM). No final, Roque da Cunha (SIM) declarou  que “é essencial que o Orçamento do Estado dê um sinal claro de investimento na saúde” e alertou que há menos médicos do que há um ano.

“Os médicos este ano são menos do que o ano passado, os médicos que se vão reformar nos próximos três anos a nível dos médicos de família serão cerca de 1300, e médicos hospitalares cerca de 1500”, disse Roque da Cunha, considerando que os recursos humanos são “claramente insuficientes”.

Segundo Roque da Cunha, já havia problemas antes de 2019 quanto à falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que agora “a pandemia pôs a nu”.

“É preciso que este Orçamento do Estado invista verdadeiramente no SNS”, insistiu o dirigente do SIM, observando que o apelo do sindicato é para que o Governo encare esta pandemia de “uma forma séria”, pois há milhares de doentes (não-covid) que precisam de tratamento.

Em seu entender, “é preciso que o primeiro-ministro, o Governo e a Assembleia da República tratem esta pandemia de uma forma séria”.

O secretário-geral do SIM alertou também para a necessidade de o SNS acudir aos milhares de doentes que precisam de tratamento, avisando para a falta de pediatras no Hospital de Évora, internistas no Hospital Garcia de Orta e de médicos em Castelo Branco e na Guarda.

Questionado sobre se a actual situação pandémica em Portugal justifica a declaração do estado de emergência, Roque da Cunha respondeu que isso “é uma decisão política”, mas que, para o sindicato, o que é fundamental é a “possibilidade de tratar os doentes nos centros de saúde”, devendo os hospitais estar “disponíveis para fazer as suas cirurgias”.

Quanto aos vários surtos em lares, disse que é preciso “controlar a situação”, observando que as instituições têm que ter a responsabilidade de garantir médicos nesses lares e o Governo tem também essa responsabilidade de apoiar as instituições. “De outra forma, pensar que os médicos do SNS vão substituir as férias dos médicos que lá estão é um erro clamoroso”, advertiu.