O primeiro eléctrico do grupo Toyota chega em forma de SUV

O Lexus UX 300e só chega no início de 2021, mas as vendas arrancam já no fim do mês. O primeiro elétrico do braço de luxo da Toyota reclama uma autonomia de 315 quilómetros.

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Foi pioneiro nos sistemas electrificados e um dos primeiros a banir os motores Diesel das suas novas gamas. Mas, até agora, o grupo Toyota parecia resistir, até teimosamente, a enveredar por um caminho 100% eléctrico, preferindo colocar todas as suas fichas no jogo dos híbridos — o que, em Portugal, o tem deixado fragilizado face a uma política de incentivos fiscais que privilegia os automóveis de ligar à corrente.

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Foi pioneiro nos sistemas electrificados e um dos primeiros a banir os motores Diesel das suas novas gamas. Mas, até agora, o grupo Toyota parecia resistir, até teimosamente, a enveredar por um caminho 100% eléctrico, preferindo colocar todas as suas fichas no jogo dos híbridos — o que, em Portugal, o tem deixado fragilizado face a uma política de incentivos fiscais que privilegia os automóveis de ligar à corrente.

Mas isso faz parte do passado: as vendas do primeiro eléctrico do grupo, sob o emblema da Lexus, arrancam no fim do mês de Outubro, com as primeiras entregas previstas para o início de 2021. Haverá três níveis de equipamento — Executive, Premium e Luxury —, todos com tracção dianteira, a partir de 52.500 euros, ainda que a comunicação da marca opte por avançar com o preço sem IVA, que pode ser deduzido: 42.683 euros.

O lançamento deste Lexus UX 300e é o primeiro passo daquilo que a marca identifica como uma “mudança quântica” para uma política que, além de carros totalmente eléctricos como este (haverá ainda outro modelo BEV, mas ainda não foi revelado qual), inclui o desenvolvimento de HEV (híbridos), PHEV (híbridos plug-in) e FCEV (eléctricos a pilha de combustível, como o Mirai da Toyota).

Eléctrico e divertido

O UX 300e apresenta-se como uma mão-cheia de soluções: cabe na categoria dos SUV, o que lhe confere uma posição de destaque entre os automóveis da moda; é compacto, uma mais-valia para o cliente europeu (note-se que o UX, lançado no ano passado, depressa se tornou no modelo Lexus mais vendido no Velho Continente); e eléctrico, capaz de percorrer 315 quilómetros, segundo medições realistas do ciclo WLTP.

Além disso, não deixa de incluir todo o requinte pelo qual a marca premium é conhecida (a Lexus sublinha a qualidade artesanal, a qualidade de construção e o conforto do carro), acrescentando sensações de condução raras entre os eléctricos. Para tal, a Lexus, que se valeu de uma versão adaptada da plataforma Toyota TNGA GA-C, trabalhou uma série de suportes adicionais para o chassis e redesenhou o sistema de suspensão com vista a suportar o peso extra do sistema eléctrico. Tudo para cumprir a lista de “itens obrigatórios” do engenheiro-chefe Takashi Watanabe, onde se lia “diversão” e “prazer de condução”.

Esse trabalho é notório quando se lança o automóvel às feras, isto é, quando nos desafiam a brincar por um slalom, ao longo do qual o veículo nem pestaneja. Também nas acelerações não desaponta: quer em modo Normal ou Eco, quer no mais expedito modo Sport. Medições oficiais dizem que o Lexus UX 300e acelera de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos, o suficiente para sentirmos as costas a encontrarem apoio no assento. No entanto, a velocidade máxima é bastante comedida para um automóvel de 204cv: 160 km/h (mas, num carro eléctrico, não faria sentido outra coisa).

Silencioso q.b.

Dentro do habitáculo, nota-se rapidamente que o espaço, comparativamente à versão híbrida, não foi beliscado. Mantém-se a distância entre eixos de 2640mm, tendo a bateria de iões de lítio, com uma capacidade de 54,3 kWh (e que chega com uma garantia de dez anos ou de um milhão de quilómetros), sido arrumada sob o piso do habitáculo, e a mala até é mais generosa do que a do irmão 250h: o 300e arruma uns muito razoáveis 367 litros.

Entre todas as voltas e reviravoltas que fazemos dentro do perímetro da Base Aérea N.º 6, no Samouco, concelho de Alcochete, o silêncio impera. Ou quase. Explique-se: tudo no carro foi trabalhado para que a ausência de ruído fosse excepcional. Foram adoptados pneus específicos para BEV e trabalhados os revestimentos dos arcos das rodas com vista a minimizar o ruído causado por pedras, areia ou água que saltem da estrada, por exemplo. Excepto quando accionado o Controlo Activo do Som (ASC). Criado em colaboração com um compositor profissional, o ASC cria um som de automóvel 100% eléctrico e sensível à aceleração que é emitido pelo altifalante central. O ASC está ligado por defeito, mas pode ser desligado com o simples toque num botão. 

Há ainda outro som, o do Aviso Acústico de Aproximação do Veículo (AVAS, na sigla original), que, a baixas velocidades, se ouve no exterior e que já obedece à nova obrigatoriedade para homologação europeia, com vista a proteger peões e ciclistas. Afinal, o silêncio nem sempre é de ouro, sobretudo na estrada.