Write ‘n’ Let Go: Universidade do Minho desafia estudantes a escrever para aliviar sofrimento

Estudo da Escola de Psicologia da Universidade do Minho consiste na realização de quatro tarefas de escrita ao longo de um mês. Destina-se a estudantes universitários que estão a viver um período de stress ou ansiedade. “Este tipo de tarefas pode ser útil para melhorar o bem-estar e para aliviar algum sofrimento”, diz um dos coordenadores.

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Adriano Miranda

Passar para o papel as ideias que vão na cabeça pode ajudar a lidar com determinadas dificuldades. Foi com esse ponto de partida que a Escola de Psicologia da Universidade do Minho criou o programa Write ‘n’ Let Go, destinado a estudantes universitários.

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Passar para o papel as ideias que vão na cabeça pode ajudar a lidar com determinadas dificuldades. Foi com esse ponto de partida que a Escola de Psicologia da Universidade do Minho criou o programa Write ‘n’ Let Go, destinado a estudantes universitários.

As actividades do estudo consistem em quatro tarefas de escrita que são realizadas ao longo de um mês. Dirigem-se a universitários que “estejam a vivenciar algum momento de stress, ansiedade ou desânimo, não só com os desafios habituais da vida académica”, mas também devido à pandemia de covid-19, explica ao P3 um dos coordenadores, João Batista.

As tarefas são feitas à distância, online e sem a intervenção directa de um psicólogo. “Acaba por ser um programa que a pessoa faz de forma autónoma”, indica o investigador da Escola de Psicologia da Universidade do Minho.

O Write ‘n’ Let Go baseia-se nos conceitos de escrita expressiva e escrita combinada. “A escrita expressiva consiste na pessoa escrever sobre os seus pensamentos e os seus sentimentos mais profundos sobre um determinado tema”, esclarece o investigador. Normalmente, centra-se em pensamentos e sentimentos negativos e nas dificuldades. A escrita combinada acrescenta outros focos, como a “escrita positiva, que se centra mais nas competências da pessoa, nos pontos fortes, nas habilidades”. “O que fazemos é combinar um bocadinho destes dois tipos de escrita ao longo das quatro semanas”, explica João Batista.

O principal objectivo é “testar a eficácia” de um programa deste género, uma vez que desde os anos 80 têm sido feitos estudos para tentar perceber qual o “impacto da escrita sobre diferentes temas” no “bem-estar e sofrimento psicológico das pessoas”. Segundo João Batista, surgem alguns indícios que mostram que “este tipo de tarefas pode ser útil para melhorar o bem-estar e aliviar algum sofrimento”.

O estudo começou no dia 15 de Outubro, mas as inscrições estão abertas até Julho de 2021. Até lá, pretende-se obter uma “amostra bastante alargada” de participantes, com um número mínimo de 110. Caso o programa se revele eficaz e útil e o feedback for positivo, o objectivo passa também por, a médio ou longo prazo, “oferecer uma ferramenta deste género como forma de ajudar as pessoas a lidarem melhor com o seu stress no dia-a-dia e o seu sofrimento”.

Para participar no programa, além de estudante universitário e maior de 18 anos, é necessário ser fluente em língua portuguesa, concordar com os procedimentos através da assinatura de um consentimento, não estar a receber qualquer tipo de ajuda psicológica, ter sintomatologia ligeira de ansiedade e/ou depressão e não apresentar comportamentos de risco.