Populismo e “descomunicação” em Saúde Pública
O populismo em Portugal, à esquerda e à direita, associado à “excelente” descomunicação” em saúde pública, está a abafar a vida dos mais vulneráveis, os mais pobres.
Para compreender, é preciso ouvir. Comecemos pelo principio: a ministra da saúde não ouve o presidente das escolas médicas portuguesas, não ouve o bastonário da Ordem dos Médicos, não recebe o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, talvez ouça Catarina Martins. Aliás, a ministra substituiu Campos Fernandes para servir a extrema-esquerda, que serve o tabuleiro do jogo da saúde. E não ouve ninguém, mas compreende (quase) tudo.
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Para compreender, é preciso ouvir. Comecemos pelo principio: a ministra da saúde não ouve o presidente das escolas médicas portuguesas, não ouve o bastonário da Ordem dos Médicos, não recebe o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, talvez ouça Catarina Martins. Aliás, a ministra substituiu Campos Fernandes para servir a extrema-esquerda, que serve o tabuleiro do jogo da saúde. E não ouve ninguém, mas compreende (quase) tudo.
Aliás, a ministra sabe tudo: de medicina, de evidência científica, de saúde pública, de investigação e desenvolvimento e de saúde pública, à esquerda, apenas, claro. Ser ministra da Saúde é ser alguém que sabe tudo. E esmaga tudo com os seus sorrisos ao ponto de ilustres bastonários a crucificarem junto do chefe deste Estado. Alguém vai pagar esta fatura, como refere o PÚBLICO: “Quanto é que a covid19 já custou em contratos e ajustes diretos como Estado?” Acrescento o pior: quem está a ser favorecido? E porquê.
Vivemos um populismo bacoco. O medo apodera-se dos mais velhos e recentemente os alunos da associação de estudantes de medicina, num workshop, sublinharam as falhas, e concordo, com aplausos, a má estratégia de comunicação.
Sonham com uma política melhor, mas transformam-se em políticos piores. Recordo a mãe de Salvador, uma mulher abandonada pelo Estado, pelas organizações que andam pelas ruas, repito: pelo Estado. Cometeu um único crime: dormir com um homem, ficar grávida e não ter feito um aborto. Se tivesse feito um aborto, já seria uma grande cidadã. Não matou o seu bebé. É uma mulher que precisa de ajuda. Mas a melhor ajuda que o Estado lhe dá: mandá-la para a cadeia.
Já o ex-ministro da Cultura que bateu na mulher e a insultou de A a Z, é absolvido por três vezes por uma justiça de uma grande juíza. “Tá certo”. Acreditamos, cada vez mais, na gravidade desta justiça. É por estas e por outras que muitos portugueses estão fartos e se estão a virar para os cheguistas. Os falsos apoios sociais de vitimas, de pessoas sem abrigo, de pessoas com abandono social, como a mãe do Salvador, a jovem Sara Furtado, de 22 anos, que teve vergonha e confessou! ter parido um bebé na rua. Show off: todos até Santa Apolónia. Não fosse um pobre dependente em tratamento de metadona a insistir com o agente da PSP... Assim vivemos: meio mundo desacreditando o outro meio.
Não se pode oprimir tudo e todos e assustar as pessoas, mas também não se pode apresentar soluções que não existem num populismo vazio de caridade e apoio social real. O sistema vai colapsar e o meu consolo, que assusta o primeiro-ministro, é que Pedro Passos Coelho vai voltar. Há quem sonhe com cargos fora, numa espécie de substituição de Guterres, aliás quem traiu a sua sombra toda a vida. Com ou sem populismo, com ou sem saúde, resistiremos. Mas uma certeza: os portugueses vão desistir. E o tempo que foi vosso, começou a sua contagem decrescente.
Quando morrermos, infelizmente, sobrará um mundo pior para os nossos filhos. E não os educámos com a ajuda deste Estado. Aliás, este Estado, além de nos tirar tudo, contribui com os piores exemplos de justiça social e de caridade. Estamos no fundo da nossa pequenez, à espera que nos pisem mais um bocadinho, num grito de misericórdia. Talvez sejamos mais nada, mas nesse dia, que chegará, saltaremos para fora, com o credo que a democracia está em descrédito, que a justiça social converteu-se em injustiça e a esperança mais não é que um mal, comum, sim, comum. Não nos ouvem. Logo, não nos compreendem, daí o gritante populismo.
Parafraseando O’Neill no seu adeus português: “... tu (governo) não mereces esta cidade não mereces/ esta roda de náusea em que giramos / até à idiotia/ esta pequena morte/ e o seu minucioso e porco ritual / esta nossa razão absurda de ser/ Não tu és da cidade aventureira / da cidade onde o amor encontra as suas ruas / e o cemitério ardente / da sua morte/ tu és da cidade onde vives por um fio / de puro acaso